“Lutando Pela Paz” leva aluno a seletiva para Campeonato Brasileiro de Boxe



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O projeto oferece aulas de boxe gratuitas e aponta novos caminhos para jovens do Pedro Jerônimo


Por Celina Santos

 

Os caminhos de Jhonathan Passos, de 18 anos, e de Gilmarques Sabino dos Santos, de 30, se cruzaram no bairro Pedro Jerônimo, em Itabuna. O garoto atendeu ao convite de Gil, como o professor é carinhosamente chamado, para integrar o projeto “Lutando Pela Paz”. A iniciativa oferece aulas gratuitas de boxe ao lado da igreja Católica daquela comunidade. E os frutos já aparecem: eles embarcam para Salvador, onde o aluno participará da primeira grande competição, a Copa Carlinhos Furacão, seletiva para o Campeonato Brasileiro de Boxe.

Praticante de jiu-jítsu e muay thai, além de boxe, Gil se sustenta dando aulas particulares e nas academias Simetria Fight, Alfa e Hebreus Fitness. Ele contou ao Diário Bahia como surgiu o “Lutando Pela Paz”, desenvolvido há três anos. “Chegou ao ponto de eu ver crianças de oito, nove, dez anos armadas; quando eu chegava do trabalho, a esquina da academia era onde eles mais ficavam”, recorda o atleta, que viu na arte marcial dos ringues uma alternativa para contribuir com a comunidade de onde vem.

O projeto tem hoje 50 alunos – eram 140 até o ano passado, quando havia apoio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC). Os treinos acontecem três vezes por dia, às segundas, quartas e sextas. “Depois que eu comecei a dar as aulas e mostrei pros meninos que não tinha só aquela opção, raramente acontece alguma coisa no bairro. Eles estão vendo que a gente não é obrigado a ser traficante. A maioria dos que passaram pela academia hoje trabalham, estudam. Mesmo os que não treinam mais, hoje têm outra visão”, afirma, sereno.

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O aluno Jhonathan e o professor Gilmarques apostam na mudança de vida a partir do boxe

Recuperação de vidas

Jhonathan, inclusive, concluiu o ensino médio e já dá aulas numa academia em Coaraci. Em meio à dedicação diária aos meninos, Gil dá uma lição de prudência: “Quando a gente acha que é bom, é sinal que não aprendeu nada”. Com esta bagagem, a dupla de professor e aluno vendeu rifas, para custear a ida à capital. Mas outras três fases da competição virão. Portanto, quem quiser contribuir com a empreitada dos atletas e com o projeto pode entrar em contato pelo telefone (73) 9 8846-8347.

O educador físico Manoel do Carmo, da academia Hebreus Fitness, aplaude o trabalho social de Gilmarques e espera que mais apoios se manifestem. “Se a sociedade tivesse esse olhar pra uma criança, um adolescente ou pra qualquer outro ser humano, o mundo seria melhor; por isso Gilmarques é o meu herói de carne e osso. Ele faz um trabalho de recuperação de vidas”, observou.