Helenilson Chaves: “Se eu fosse um prefeito, a 1ª coisa era sanear a máquina e fazer com que a maior empresa de Itabuna fosse a prefeitura”



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Por Celina Santos

O empresário Helenilson Chaves, presidente do Grupo Chaves, revela nesta entrevista seu olhar sobre a política e a economia de Itabuna. Tece críticas aos entraves para a geração de empregos, por exemplo, e anuncia os investimentos para construir o espaço onde funcionará a unidade da Renner na cidade. A fábrica deverá oferecer 100 postos de trabalho.

Como o senhor avalia o cenário político de Itabuna hoje?

Olha, eu acho que nós estamos numa situação difícil, porque as lideranças daqui já têm muitos e muitos anos. Inclusive, numa entrevista eu disse que Fernando [Gomes] deverá ser o professor e o introdutor de jovens na política. Do jeito que vai aí, não sei como vai ser Itabuna. Se essas coisas não melhorarem, o êxodo de Itabuna vai ser grande.

Quando diz que Fernando Gomes deveria ser um professor de novas lideranças, quer dizer que ele não deveria mais estar nas disputas?

Eu acho que ele tem muito voto; mas acho também que tem que ter a capacidade de educar jovens para saber o que vai acontecer. Falo dele [Fernando] e de todas as pessoas que estejam mais velhas.

O que o senhor espera do novo prefeito, como um dos maiores investidores em Itabuna?

Qualquer prefeito, em qualquer cidade, tem que planejar o crescimento da cidade. Acho que o número de pessoas que são carregadas pra dentro da prefeitura sem serem concursadas também prejudicam muito a administração. Se eu fosse um prefeito, a primeira coisa era sanear a máquina e procurar fazer, através de uma consultoria, com que a maior empresa de Itabuna fosse a prefeitura – regida por leis sérias, mas também com disciplina. Porque chega a um ponto que, com tanta gente, é difícil! O prefeito não vai ficar tomando conta. Isso eu estou falando de uma maneira geral.

Na sua opinião, qual o maior entrave para a economia de Itabuna hoje?

Nós temos vários entraves. Primeiro, nenhuma indústria virá pra aqui sem termos água. O que se pode implantar aqui sem água? Perdemos grande parte da Nestlé, porque ela precisa de condições adequadas para [ficar]. Água não existe, mão de obra [qualificada] também não existe… Na economia também temos um problema, que é o descaso do governo federal com relação à cacauicultura; tem 30 anos que não manda [recursos] pra cá. Mas o reverso da medalha é o governo fazer toda força para aquelas que deixaram dinheiro no exterior estarem hoje trazendo esse dinheiro de volta, legalizando através da repatriação. Isso é o reverso. O cacau, que era 16 por cento do PIB brasileiro, hoje está nessa situação.Todos esses entraves também interferem na geração de empregos, não é?

Quais são os empregos que tem em Itabuna hoje? Só tem aqui de mil reais. O Nordeste está acabado. Está todo mundo ganhando nada, porque não tem nada.

O Shopping Jequitibá mantém o projeto de trazer o cinema de volta?

O cinema só fechou porque [muitas] pessoas queriam levar vantagem pessoal. Todo mundo apareceu com carteira de estudante. Nós perdemos dois milhões de reais, mantendo o cinema com todo conforto. Agora, quem vai trazer o cinema são profissionais da área; eu vou dar a área e eles vão trazer o cinema.

Existe uma estimativa de prazo?

Não é “ad infinitum”, mas deve ser uns dois anos. Só para construir… Agora mesmo, estou fazendo um investimento grande para trazer a Renner, que vai gerar 100 empregos. Isso é o que interessa. Essas coisas nós vamos trazer, enfim, são coisas que preenchem a autoestima do itabunense.

O senhor tem todo um olhar para o coletivo, mas nunca teve pretensões políticas?

Não, não. Antônio Carlos Magalhães me chamou, eu não quis de jeito nenhum. Eu não vou ceder às minhas convicções. Eu quero estar junto das coisas que eu faço e que tenho de fazer; foi o que meu pai me ensinou.