Sindicato acusa Santana de transformar Sesttran em quartel


Mesmo suspensos, agentes deverão “bater ponto” e ficar no local


A suspensão de sete agentes de trânsito ontem (23), em Itabuna, rendeu uma polêmica entre os servidores em geral e o secretário de Segurança, Transporte e Trânsito, Coronel Gilberto Santana. Ele é acusado de tentar transformar a secretaria em um verdadeiro quartel da Polícia Militar.

Santana alega que os profissionais causaram tumulto na Secretaria de Administração, queixando-se de salários atrasados. Por isso, determinou que não poderão executar seus serviços por 30 dias. Mas deverão comparecer ao local das 9 às 15 horas, como se nada houvesse acontecido.

Em contrapartida, os agentes sustentam que não provocaram qualquer tumulto e apenas reivindicaram a remuneração em atraso. O sindicato que representa a categoria – Sindserv – acrescenta: os servidores estão sem tirar férias no período devido e sem receber o terço de férias.

Acorrentados

Os demais servidores participaram hoje de um protesto por considerar intransigente a decisão de afastar os agentes da rotina de trabalho apenas porque foram cobrar o pagamento. Eles compareceram à manifestação com correntes e mordaças, comparando a postura do Coronel Gilberto Santana ao, digamos, “modus operandi” da Ditadura Militar.

O posicionamento da entidade sindical também foi externado através de uma nota distribuída à imprensa, para reiterar a indignação no episódio. Confira a seguir.

NOTA DE REPÚDIO

O Sindicato dos Servidores e Servidoras Municipais de Itabuna vem a público expressar seu repúdio em relação à atitude do atual secretário de Segurança, Transporte e Trânsito, senhor Gilberto Santana, que suspendeu sete agentes de trânsito de suas funções, por estarem reivindicando o pagamento de salários atrasados. Os sete servidores ficarão sem exercer suas funções, apenas cumprindo horário. Mais de uma dezena de servidores responderão processos administrativos. A atitude do secretário é lamentável, pois, no entendimento do Sindserv, o chefe da pasta deveria ser o primeiro a defender que os salários de seus funcionários fossem pagos em dia, mas procede justamente de forma contrária, atacando a organização dos trabalhadores. Vale destacar que os salários continuam atrasados.

Ao afastar os referidos servidores de suas funções externas por 30 dias, das 09h às 15h, sem direito a almoço, sem o uso de fardamento e de veículo oficial, a Sesttran se transforma num quartel da polícia militar, cerceando, desta forma, a liberdade dos trabalhadores, deixando clara sua política de perseguição.

O Sindserv já recebeu diversas denúncias de que o ambiente de trabalho na Sesttran é opressor, onde as pessoas trabalham cabisbaixas, intimidadas pelo clima de tensão e o medo. Durante as negociações da Campanha Salarial, a prefeitura se comprometeu em adotar uma política ostensiva de ataque ao assédio moral. É o mínimo que podemos exigir: que os servidoras e servidores sejam tratados e tratadas com o devido respeito. Posturas como a do secretário da Sesttran não intimidarão o sindicato e os servidores. Não calarão a voz dos trabalhadores!