Por Simone Nascimento
Em meio a uma crise econômica, que fechou, somente em Itabuna, mais de 700 postos de trabalho em apenas oito meses, quase o dobro em relação ao mesmo período de 2015, os empresários que, até então, andavam meio receosos quanto às contratações temporárias, venceram o medo e bateram o martelo: vão contratar novos funcionários, sim. Isso na expectativa, claro, de que o clima natalino consiga mudar, ao menos um pouquinho, o atual “cenário cinzento” no qual se encontra o país.
Embora já se tenha decidido pelo reforço com trabalhadores provisórios, os lojistas estão cautelosos. Afinal, diante das perdas, não se pode pensar em abusos ou riscos. “Os empresários acreditam que farão boas vendas no Natal e, se não alcançarem números positivos, pelo menos há a esperança de vendas iguais ao ano anterior”, ponderou José Aboboreira, diretor executivo do Sindicom (Sindicato do Comércio Varejista do Município de Itabuna).
Em entrevista ao Diário Bahia, ele informou que dessa vez o número de empregos temporários será inferior aos anos anteriores. “Para se ter ideia, o índice de desempregados no setor varejista em Itabuna já chega a 728. Em 2015, houve, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 390 demissões. Então, o percentual de contratações para este fim de ano seria, digamos, de 50% a 60% menos que os anos anteriores”, esclareceu Aboboreira.
Chances de efetivação
Também conversamos com Jorge Braga, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas). Ele fez um breve balanço das contratações realizadas nos últimos dois anos. Em 2014, por exemplo, o número de contratados foi de 230. No ano passado, registrou-se um leve aumento de 13%. Isso significa que vinte pessoas a mais tiveram a chance de trabalhar no comércio temporariamente. De 250, 35 empregados, aproximadamente, foram efetivados.
Já para este ano, a estimativa, de acordo com o presidente da CDL, é de uma média de 230. Braga informou, ainda, que a previsão é de que o período de contratações seja iniciado logo na segunda quinzena de novembro, e prossiga até 15 de dezembro. “E sempre começa pelo shopping”, observou. O setor que mais emprega é o de confecções, seguido de perfumaria e de souvenir.
Apesar da crise, Jorge Braga acredita na possibilidade de efetivação após o encerramento do contrato temporário. “Temos um universo muito grande na procura e na oferta nesse período do ano. Somos pólo comercial e de serviços e toda a região converge para Itabuna”, justificou.
Entrave
E quem torce para conseguir uma dessas oportunidades nesse final de ano é Graziella Souza, de 23 anos. Desempregada há quase quatro meses, ela vai tentar ingressar no comércio, mesmo não tendo experiência no setor. “Apesar de ser temporária, tem grandes chances de se tornar fixa. Depende do desempenho de cada um”, animou-se.
Aliás, Graziella disse que a falta de crédito para quem nunca trabalhou em determinados ramos é o entrave que vem barrando seu ingresso no mercado de trabalho desde que saiu da Triffil, até agora seu único emprego com carteira assinada. “Depois que eu saí de lá, não consegui mais emprego, pois no comércio é essencial ter experiência. Porém, eles não costumam dar oportunidades. Dessa forma, fica muito difícil o mercado de trabalho para as pessoas que não têm [a tal] experiência, principalmente na área de vendas”, relatou.
Com relação à duração de um emprego temporário, isso varia de loja para loja, informou José Aboboreira. Depende do acordo que foi firmado no ato do contrato entre funcionário e empregador, mas de forma geral, vai até janeiro. “Dez por cento dos temporários viram efetivos”, ressalvou.