Por Celina Santos
O jovem itabunense Spartakus Santiago despontou para o cenário nacional graças à sua criatividade, evidente na paródia de uma música de Lady Gaga, que trazia conceitos de geometria. O clipe, dirigido pelo então adolescente que estava no Ensino Médio, alcançou milhões de visualizações na internet.
O talento do rapaz o levou a cursar publicidade na Universidade Federal Fluminense (UFF) e hoje atua como assistente de criação na Rede Globo. A maior parte das vinhetas de telenovelas, por exemplo, tem “um dedo” de Spartakus. Recentemente, ele voltou à terra natal, para participar de um Encontro de Comunicação (ECOM) na FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências).
Agora com 23 anos, revelou para a plateia que muito mais importa dizer do que simplesmente exibir o crachá de quem trabalha na “Vênus platinada” (alcunha que tenta traduzir a hegemonia da Globo na TV brasileira). O garoto, fazendo questão de lembrar que cresceu no bairro São Caetano, um dos mais populosos de Itabuna, chamou a atenção para o compromisso dos profissionais de comunicação com a ética e a defesa de um mundo melhor.
Vender sem agredir
Com a palestra “Como ser criativo sem ser babaca?”, Santiago alertou para as mensagens – muitas vezes premiadas – a levar adiante estereótipos e preconceitos que incluem machismo, racismo, homofobia e até incentivo ao assédio sexual. “Na publicidade é muito fácil ter ideias mirabolantes de como vender e que podem acabar agredindo as pessoas, propagando mentiras”, observou, mencionando a verdadeira opressão embutida em muitas mensagens.
Sereno e demonstrando valores cidadãos que orgulham os conterrâneos, ele citou a experiência de observar outdoors numa viagem pela Bahia, acompanhado da avó. No trajeto, das 150 peças exibidas, não havia negros em 120. “Qual a necessidade dessa branquitude?”, criticou, num dos trechos da palestra.
E argumentou, diante da plateia de estudantes ávidos por conquistar uma carreira de sucesso como a de Spartakus: “É muito importante a gente na faculdade aprender não só a fazer comunicação, mas pensar comunicação. Publicidade é criatividade, vendas, mas também valores, visão de mundo. Nosso poder vai muito além de vender; a gente pode transformar o mundo num lugar melhor”.