O menor anfíbio do mundo é baiano. O sapinho pulga, Brachycephalus pulex, é uma espécie encontrada apenas em topos de morro na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra Bonita, em Camacan, e no Parque Nacional Serra das Lontras, em Arataca, ambos no Sul da Bahia.
A descoberta foi resultado da pesquisa de mestrado da bióloga Wendy Bolaños, no Programa de Pós-Graduação em Zoologia, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Ela mediu 46 exemplares do sapinho, além de distinguir o sexo dos animais, e verificou que um dos machos media apenas 6,45 mm, o menor vertebrado terrestre conhecido. Até então, o “título” pertencia a um sapo da Papua Nova Guiné, que media 7,7mm.
No entanto, os cientistas envolvidos na pesquisa se preocupam com a preservação desta espécie. “Infelizmente, na última reavaliação do status de ameaça feita pela União
Internacional para a Conservação da Natureza, o sapinho pulga foi classificado como em perigo de extinção. Está em nossas mãos garantir que ele não desapareça e que as futuras gerações de brasileiros ainda possam se orgulhar de ter o menor anfíbio do mundo vivendo na Bahia”, afirma o professor do Departamento de Ciências Biológicas (DCB/Uesc) Iuri Ribeiro Dias.
Vulnerável às mudanças
O professor Mirco Solé (DCB/Uesc), por sua vez, destaca que, embora seja positivo que o sapinho esteja em duas áreas de conservação, ele continua vulnerável às mudanças climáticas. Isso porque, enquanto espécies de baixada podem migrar para montanhas a fim de suavizar os efeitos da elevação na temperatura, as demais, que já vivem em regiões altas, não têm para onde ir.
O estudo, que teve aporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund., foi publicado em uma das revistas mais conceituadas internacionalmente na área de Zoologia, a Zoologica Scripta. Confira o artigo completo.