Na Bahia existem pelo menos 100 marcas de chocolate de origem. A economia pulsante da cadeia do cacau e chocolate tem gerado um movimento de qualificação da produção da iguaria. Para contribuir nesse cenário, a Associação dos Produtores de Chocolate do Sul da Bahia (ChocoSul) realiza, nos dias 27 e 28 de maio, em Salvador, o seminário “Chocolate da cabruca, um patrimônio da Bahia”.
A atividade ocorrerá na Unifacs, campus Tancredo Neves, e tem como principal objetivo promover o debate sobre o cenário socioeconômico da cadeia produtiva chocolateira à luz de análises acadêmicas e projeções de especialistas, além de resgatar a importância do chocolate de origem na região Sul da Bahia, exclusivamente nas modalidades bean to bar ou tree to bar. Na oportunidade serão discutidas estratégias para a internacionalização dos chocolates. A programação completa pode ser acessada aqui.
“Por meio do Seminário, esperamos não apenas destacar a importância do chocolate da cabruca como um patrimônio da Bahia, mas também catalisar ações concretas que contribuam para sua valorização, preservação e expansão nos mercados nacional e internacional.”, aposta um dos organizadores e presidente da ChocoSul, Gerson Marques.
O evento reunirá especialistas, produtores, gestores públicos e público interessado para debater os desafios e oportunidades que cercam a cadeia produtiva do chocolate, por meio de palestras, mesas redondas e demonstrações práticas, apresentações de marcas produtoras e network com o comércio da capital baiana.
Ensino, pesquisa e extensão
O seminário conta com o apoio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Sebrae, Agência de Internacionalização e Exportação (Aiex) da Unifacs, Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e Secretaria de Turismo do Governo do Estado da Bahia (Setur).
Para o professor da Unifacs e coordenador da Aiex, Henrique Campos, o seminário é a consolidação dos três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão. “Discutimos essa atuação integrada nos cursos da Unifacs, no mestrado e no doutorado e temos estudado bastante as cadeias globais e a inserção sustentável do comércio exterior baiano nessas cadeias. Juntos, ensino, pesquisa e extensão com parcerias de outros atores importantes podem contribuir com o desenvolvimento sustentável do Sul da Bahia colocando os produtores de cacau e chocolate em contato direto com o comércio exterior, além de articular com a sociedade e poder público em prol do desenvolvimento integrado.”, ressaltou.
O cacau do Sul da Bahia faz parte da história do Brasil há pelo menos 250 anos e, após os desafios da década de 1980, a região ressurge no cenário nacional como território pujante do cacau com um novo posicionamento enquanto produtora de chocolates finos de origem feitos com amêndoas selecionadas do sistema Cabruca – modelo agroflorestal conhecido em todo o Brasil, uma prática tradicional de cultivo que combina o cultivo de cacau com a preservação da Mata Atlântica.
A ChocoSul
Sediada em Ilhéus, a ChocoSul reúne 22 marcas de produtores de chocolates de origem do sul da Bahia. Ao longo de 10 anos de fundação, essa entidade tem realizado o debate do fortalecimento da cadeia produtiva junto aos atores que mitigam o desenvolvimento regional do sul da Bahia.
Em 2023, seis marcas de chocolates fabricados no Sul da Bahia premiadas pela Academy of Chocolate de Londres, na Inglaterra: Benevides Chocolates, Bem Cacao, Ju Arléo Chocolates, LaLis Chocolateria, Cacau do Céu e Mendoá Chocolates. O produtor Luciano Ramos também foi premiado no Cacao of Excellence, em Amsterdã, na Holanda.
Consumo e produção de chocolates
De acordo com levantamento da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), o consumo de chocolate no Brasil per capita médio de 3,5 kg/hab/ano, sendo que a região Sul apresenta 6,8 kg/hab/ano, Nordeste 1,2 kg/hab/ano e o estado de São Paulo é o maior consumidor em termos absolutos com 39%.
O estado da Bahia possui uma área plantada de cacau de aproximadamente 439 mil hectares no Sul da Bahia e cerca de 60% desta área (263 mil hectares) é cultivada por meio do sistema cabruca.
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