O deputado federal Félix Mendonça Júnior, embrulhado na bandeira da cacauicultura, fez uma exposição detalhada sobre projetos que apresentou para o setor em quase dois mandatos. Entre eles, para proibir a importação de países que tenham trabalho escravo e não observem padrões de proteção ao meio ambiente. Mais recentemente, propõe uma diminuição do drawback (suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados).
Entretanto, o preâmbulo não escondeu uma figura que parece ter a astúcia de um bom jogador de xadrez. Líder do PDT na Bahia, ele disse que seguirá com o governador Rui Costa, mas tal aliança não é obrigatória para 2018. Rebateu críticas sobre posicionamento político e alegou que o partido não espera barganhas para decidir com qual lado fica.
O que o senhor coloca de novo diante dessa bandeira antiga contra a importação de cacau?
O drawback é uma lei de 1966, que precisa ser atualizada. Na reforma tributária, vamos ver isso. Ontem (17), discutimos a cadeia produtiva do cacau com a Fundação de Desenvolvimento Econômico. Nosso projeto é que seja diminuído o drawback de dois anos para seis meses. Se ele importar e exportar em seis meses, está ótimo. Agora, usar isso pra derrubar o preço do cacau não é justo. Entramos com uma representação na PGR (Procuradoria Geral da República), tratando da parte legal desses projetos.
Está decidido a disputar mais um mandato como deputado federal? Ou seus planos são outros?
Hoje eu sou deputado e iria para mais uma reeleição. Mas, se tiver oportunidade de disputar na chapa majoritária, não há por que negar. Para governador ainda não; acho que ainda não temos um partido forte pra isso. Seria disputar para senador, por exemplo.
O estímulo à candidatura de Mangabeira a deputado federal é mesmo para manter o capital eleitoral do PDT, obtido por ele no pleito passado?
Temos uma pessoa qualificada, honesta, capacitada na política. Todas as pessoas que têm essas qualidades podem e devem entrar. Mangabeira vai fazer um trabalho que é uma devoção; está saindo do trabalho dele para prestar um serviço à população. Ele já é bem-sucedido e agora parte para dar uma contribuição à sociedade.
Já se antevê um duelo entre o governador Rui Costa, candidato natural à reeleição, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, em 2018. De que lado o PDT vai ficar nesse cenário?
O PDT estadual atualmente está com o governador Rui Costa. Claro que isso não é uma condição fixa. Nós não somos subservientes e o PDT pode até vir a ter candidato a governador. Não é descartada essa hipótese.
Que condições vocês colocam para que esse apoio seja mantido até 2018?
A condição é que ele faça um bom trabalho, que seja um candidato bom para a Bahia. Outra condição nós não colocamos; não queremos nenhuma barganha com isso. Agora, podemos, sim, ter candidato próprio. E o PDT de Itabuna tem sua autonomia. No momento oportuno, vai se decidir. Tem liberdade para decidir como deve caminhar, inclusive no cenário estadual.
Quanto à possibilidade de candidatura própria, já existem nomes que se colocam à disposição?
Temos o candidato a presidente, que é o Ciro Gomes. Quando você tem um candidato a presidente, o ideal é ter candidatos na majoritária em todos os estados. A Bahia é o quarto colégio eleitoral e o PDT nacional vai ter participação nisso aí.
Como o senhor responde a algumas críticas de que o PDT não tem assumido um lado bem definido na Bahia?
Acho que essa crítica é infundada. O PDT está definido, está com o governo do estado. Agora, o PDT é independente; se tivermos candidato, é o primeiro que vamos buscar. Hoje não temos. Se a eleição fosse hoje, iríamos apoiar a reeleição de Rui. Não tem nenhuma conversa com ACM Neto.