Fernando, TSE e o PT



Fernando Gomes

O prefeito Fernando Gomes sabe do esforço que o PT e o governador Rui Costa fizeram para evitar a cassação do seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Diria até que o peso dos bons advogados na defesa do alcaide foi muito menor do que as articulações da legenda e do chefe do Executivo.

O lobby político funcionou de acordo como manda o figurino, o que não é nenhuma novidade quando se tem um Judiciário cada vez mais político-partidário.

Agora é hora de cobrar a contrapartida. O comando estadual do PT, tendo na linha de frente Everaldo Anunciação, quer que Fernando Gomes seja menos radical em relação a legenda.

É que Fernando já disse, e continua dizendo, que só vai votar na reeleição de Rui Costa. Não quer saber de outra alma viva do Partido dos Trabalhadores.

Anunciação quer o prefeito de Itabuna nas campanhas de Jaques Wagner para o Senado e de Lula à presidência da República nas eleições de 2018.

A curiosidade – confesso que também quero saber – fica por conta de quem é o presidenciável de Fernando. A maioria dos curiosos aposta em Jair Bolsonaro, o rei do preconceito.

O governador Rui Costa pode contar com o apoio do prefeito na busca pelo segundo mandato. A missão de Everaldo, no entanto, é complicada. Fernando Gomes tem repugnância ao PT.

Segundo turno sem Lula

O DataPoder360 divulgou uma nova pesquisa de intenções de voto para o Palácio do Planalto. Ouviu 2210 pessoas em 177 cidades. A margem de erro é de 2,6% para mais ou para menos.

Lula tem 30%, Bolsonaro 22%, Marina Silva 7%, Ciro Gomes 5%, Alckmin 4%, Álvaro Dias 2%, Henrique Meirelles, Luciana Genro e João Amoedo empatados com 1%.

Em uma disputa sem o petista, que pode ficar inelegível com o julgamento do TRF-4, Bolsonaro assume a dianteira com 23%, Ciro e Marina com 10%, Alckmin 7% e Fernando Haddad com 5%.

Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) são os que podem derrotar Bolsonaro em um eventual segundo turno sem o ex-presidente Lula.

Maria Silva, da Rede, não teria força suficiente para enfrentar um segundo round, mesmo estando na frente do pedetista e do tucano em todas enquetes.

Alckmin, que é o melhor nome do tucanato, tem como maior obstáculo a difícil missão de atrair os eleitores do PT, PCdoB, enfim, da esquerda, dos sindicatos e dos movimentos sociais.

Ciro Gomes, além de ter o caminho aberto para conquistar essa considerável fatia do eleitorado, teria o apoio de Lula e Marina e, quem sabe, do próprio Alckmin.

Seria um segundo turno com todos juntos para evitar a vitória de Bolsonaro, que seria um desastre para o país. Essa união ficaria mais fácil com Ciro do que com Alckmin.

Ciro também contaria com o apoio do empresariado, da maioria dos meios de comunicação, de diversos segmentos da sociedade e de milhões de eleitores que temem uma gestão bolsonariana.

No mais, é a constatação de que a candidatura de Jair Bolsonaro chegou no limite. E a tendência é definhar quando começar os debates.

O frente a frente com os adversários é a maior preocupação dos bolsonaristas. Causa insônia. Sabem das graves e preocupantes limitações do presidenciável.

A candidatura de Meirelles

A possibilidade do ministro da Fazenda sair candidato à presidência da República aumenta quando se tem boas notícias na economia.

Uma melhora na condução da política econômica é condição indispensável para que Henrique Meirelles possa sonhar com uma disputa pelo Palácio do Planalto na sucessão de 2018.

A informação do Banco Central de que a atividade econômica subiu 0,29 % em outubro, na comparação com setembro, animou os “meirelistas”. Na comparação com outubro de 2016, houve crescimento de 2,92%.

E como fica o senador Otto Alencar diante da candidatura de Henrique Meirelles? Vai apoiar Lula em detrimento do seu colega de partido?

Otto é o presidente estadual do PSD, mesma legenda do ministro. Não tem cabimento o senador não receber Meirelles na Bahia e estender um tapete vermelho para o candidato do PT, seja Lula ou outro.

Meirelles vai ser recebido por quem? Vai ficar a ver navios, desamparado pelo próprio partido? É evidente que as coisas não vão ser como quer o senador Otto.

Integrantes do comando nacional do PSD já admitem que Otto, caso não apoie o candidato do partido, pode perder o controle da legenda na Bahia.

Mais cedo ou mais tarde, dependendo da definição ou não da candidatura de Meirelles, Otto Alencar vai ter que tomar uma posição.

O senador não pode é apoiar Lula tendo um postulante do seu partido na disputa pelo Palácio do Planalto, sem dúvida uma imperdoável infidelidade partidária.

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ministro do governo Michel Temer, presidente nacional do PSD, tem conversado sobre o assunto com correligionários mais próximos.

Otto diz que tem autonomia política para decidir sobre seu apoio e do PSD na eleição presidencial. Não é bem assim. O senador sabe disso. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

 ACM Neto, presidenciável?

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, quer o prefeito de Salvador, ACM Neto, como candidato do DEM à presidência da República na sucessão de 2018.

Para defender o nome do alcaide soteropolitano, Maia usa até o artifício de responder sua própria pergunta: “Quem hoje dentro do DEM tem as melhores condições eleitorais? ACM Neto”.

Só depende da autorização de ACM Neto para que o Democratas inclua seu nome nas próximas pesquisas de intenções de voto para o Palácio do Planalto.

A possibilidade, ainda remotíssima, de Neto aceitar a condição de presidenciável vem deixando o oposicionismo baiano sem dormir.

Para a cúpula estadual do DEM, a mudança de rumo do prefeito vai reeleger o governador Rui Costa por WO. A disputa Neto versus Rui é a tábua de salvação para a eleição e reeleição de deputados estaduais e federais.

Até as freiras do Convento das Carmelitas sabem que o DEM só tem ACM Neto com viabilidade eleitoral e chances de derrota o PT.

O que é totalmente descartado por ACM Neto é o convite para ser vice do tucano Alckmin ou de qualquer outro postulante ao cargo maior do Poder Executivo.

Até que algumas figuras proeminentes do DEM da Bahia aceitam uma candidatura presidencial de Neto, mas ser vice em detrimento de disputar o governo do Estado é imperdoável.

O demismo baiano está preocupado com as declarações de Maia. No petismo, é só alegria, já que é unânime a opinião de que a candidatura de Neto é a única que pode evitar o segundo mandato de Rui Costa.

Tem também os que acham, tanto do lado da oposição como da situação, que a intensão de Rodrigo Maia é valorizar ACM Neto, encaixá-lo na mídia nacional, que o prefeito é candidatíssimo a governador.

Bagunça generalizada               

Se quem acompanha a política anda confuso, imagine a situação da maioria do eleitorado sobre toda essa confusão no sistema político-eleitoral.

Está tudo apodrecido. O eleitor se encontra como “cego em tiroteio”, como diz a sabedoria popular. Todo dia surge um partido e um partido quer mudar de nome.

Para justificar todo esse imbróglio, usa-se o argumento de que vivemos em uma democracia, como se ela fosse avalista dessa prostituição eleitoral, desse vergonhoso toma-lá-dá-cá.

Como não bastasse essa bagunça, tem a mistura, digamos, amalucada dos palanques, como acontece na Bahia, mais especificamente na campanha da reeleição do governador Rui Costa (PT).

A base aliada governista tem cinco presidenciáveis: o PT com Lula, o PDT com Ciro Gomes, o PCdoB com Manuela D’Ávila e o PSD com Henrique Meirelles, ministro da Fazenda de Temer.

E quem seria o quinto pré-candidato ao Palácio do Planalto? A resposta é Jair Bolsonaro, que deixou o Patriota de lado e pode se filiar ao PR.

Pois é. Essa institucionalizada baderna é a prova inconteste do enterro dos partidos, hoje sem nenhuma identificação e adeptos fervorosos do maquiavelismo, o fim justificando os meios para chegar ao poder.

Os políticos cada vez mais espertos e o eleitor mais bobo.

Medo de avião                      

Viajar de avião passou a ser um tormento para determinados políticos. O frio na barriga não é mais pela turbulência e sim pelos passageiros.

Os políticos, principalmente os que estão sendo investigados ou já condenados no âmbito da Operação Lava Jato, não querem mais saber do “pássaro metálico”.

O presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, que é também o líder do governo Temer no Senado da República, quase que é “linchado” em um voo.

O petista José Dirceu foi de carro de Brasília a Curitiba para trocar a tornozeleira eletrônica. Só de ida um percurso de 30 horas.

E, por último, a confusão entre uma passageira e a senadora Gleisi Hoffmann, dirigente-mor da cúpula do Partido dos Trabalhadores.

O medo de viajar de avião, quando comparado ao de enfrentar os passageiros, é café pequeno. Um cafezinho.

2018

Não vou sair da “mesmice” e nem lapidar as palavras. O “desejo um feliz natal e um próspero ano novo” é inoxidável. Portanto, desejo a toda a equipe do Diário Bahia, aos seus leitores, principalmente da modesta Coluna Wense, UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO.