Os escândalos e as eleições de 2018



Oposição e situação, em todos os lugares do país, vão terminar chegando à conclusão de que é melhor um pacto de silêncio do que o confronto.

Ou seja, que cada um faça sua campanha sem agredir os adversários, sob pena dos dois lados saírem enlameados do processo eleitoral.

Os telhados são de vidro. Portanto, é aconselhável que não se jogue pedra na cobertura do outro, que pode retribuir o ataque com o mesmo objeto.

Até que se encontra pré-candidatos ficha limpa. Infelizmente, pouquíssimos. Mas os “joios” terminam contaminado o grupo, sua base de apoio e uma eventual coligação.

Aqui na Bahia, mais especificamente em relação à disputa pelo Palácio de Ondina, o melhor caminho é fazer um acordo de não-agressão, do tipo “me deixe quieto, que eu te deixo também”.

Esse escandaloso “bunker” de R$ 51 milhões gedelianos, só para citar um exemplo, pode atingir o DEM e o PT, por tabela o prefeito ACM Neto e o governador Rui Costa (reeleição).

É bom lembrar que Geddel Vieira Lima, hoje no inferno político, passou um bom tempo sendo pessoa de inteira confiança dos ex-mandatários Lula e Dilma Rousseff.

Geddel foi ministro da Integração Nacional no segundo governo de Lula e vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF no governo Dilma Rousseff.

Lembro até de um artigo de Josias de Souza, jornalista da Folha de São Paulo, sobre o convite de Dilma para que Geddel fosse para a CEF. O título foi “Vem pra Caixa você também!”.

Em 2010, quando soube que Geddel iria deixar o primeiro escalão para disputar o governo da Bahia, Lula lamentou: “Você foi um cumpridor de tarefa extraordinário. É uma pena que você deixe o ministério”.

Juntar toda essa dinheirada só no governo Michel Temer é meio complicado. O “bunker” é produto dos governos de Lula, Dilma e Temer.

A delação de Geddel pode atingir o petismo de Lula e Rui e o demismo de Rodrigo Maia e ACM Neto. Aconselha-se então um silêncio de ambas as partes.

A sabedoria popular costuma dizer que “quem ri por último ri melhor”. No caso específico da Bahia, oposicionistas e governistas vão terminar rindo um do outro ao mesmo tempo.

Escandalosamente falando, são bandas da mesma laranja. A discussão vai ficar restrita a quem mais se lambuzou e mamou nas tetas dos cofres públicos.

Pois é. Como não bastasse toda essa sujeira, envolvendo a classe política, o Poder Judiciário caminha a passos largos para um preocupante descrédito junto ao cidadão-eleitor-contribuinte.

A entrevista de Lula            

Depois de um bom tempo sem dar entrevista à chamada grande imprensa, o ex-presidente e presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva resolveu quebrar o jejum.

Com um café da manhã, na última quarta-feira (20), na sede do instituto Lula, o petista recebeu os jornalistas para falar sobre diversos assuntos.

É evidente que a Operação Lava Jato não poderia ficar de fora da conversa. Sobre a possibilidade de ir preso, Lula disse que “só pode ir preso quem cometeu crime”.

O que chamou mais atenção foi Lula dizer que não vai ser mais “radical”. Lula tem muitos verões que deixou de ser intransigente, fazendo alianças com Sarney, Geddel, Maluf e companhia Ltda.

Para fortalecer o retorno do “Lulinha paz e amor”, o ex-gestor do país por duas vezes defendeu a reaproximação do PT com as legendas que protagonizaram o impeachment de Dilma Rousseff.

Aliás, a junção do PT com o PMDB de Alagoas, sob a tutela do senador Renan Calheiros, já está quase concretizada, faltando apenas alguns pequenos acertos.

No Ceará, o PT pode se coligar com o também peemedebista Eunício Oliveira, presidente do Senado Federal e considerado como “golpista-mor”.

Dilma Rousseff e Lula já perdoaram os “golpistas”. Só ingênuos e desinformados militantes lembram da defenestração.

Enquanto a militância sataniza os “golpistas”, a cúpula do PT, com o aval de Lula e Dilma, os trata como indispensáveis na eleição de 2018.

Bolsonaro, os partidos e o impeachment            

O presidenciável Jair Bolsonaro, segundo lugar em todas as pesquisas eleitorais, vem tendo dificuldades na procura de uma legenda para disputar o Palácio do Planalto.

Ainda filiado ao Partido Social Cristão (PSC-RJ), Bolsonaro vem sendo sabatinado pelas agremiações partidárias procuradas por seus interlocutores, a exemplo do PSL, Patriota e outras.

O problema não é a rejeição em si, mas os motivos que estão levando alguns dirigentes a dizer um mordaz e incisivo “não” ao parlamentar.

Em nota, o PSL diz que Bolsonaro representa o “autoritarismo e a intolerância, tanto na economia quanto nos costumes”. Rechaçou qualquer possibilidade de filiação do deputado.

O presidente do Patriota, Adilson Barroso, disse que Bolsonaro é um “saco sem fundo” e que “todo dia quer alguma coisa”. Uma espécie de toma-lá-dá-cá cotidiano.

O lado autoritário e mandão decorre da sua formação militar. Já a intolerância vem de muitas de suas infelizes declarações, como a de que “mulher deve ganhar salário menor porque engravida”.

Ao sair de uma visita a um quilombo, disse: “O afrodescente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriar ele serve mais”.

Nas ofensas aos quilombos, atingindo toda a comunidade negra, foi condenado a pagar 50 mil reais de indenização por danos morais coletivos.

Se Bolsonaro está tendo embaraços no relacionamento com legendas de menor expressão nacional, imagine na condição de presidente da República negociando com partidos maiores.

Dos presidenciáveis postos no tabuleiro da sucessão de 2018, Bolsonaro é, sem nenhuma dúvida, o mais vulnerável a sofrer um processo de impeachment.

É bom lembrar que o afastamento de um presidente da República, pelo menos aqui no Brasil, não decorre só de atos de improbidades ou malversação do dinheiro público.

O impeachment de Michel Temer se justificaria mil vezes mais do que o de Dilma Rousseff.

Renato e o PSB    

O PSB de Itabuna, sob o comando do médico Renato Costa, filiou o empresário Rafael Moreira, Moacir Smith Lima e os advogados Elson Duarte Filho e Jurema Cintra.

Espera-se uma definição do vereador Aldenes Meira. O comunista se encontra em rota de colisão com o PCdoB. Rafael e Aldenes são pré-candidatos a deputado estadual.

Em entrevista ao Diário Bahia, Renato Costa mandou um incisivo recado para os novos socialistas: “O PSB tem uma história de 70 anos, com coerência, sem máculas e debate sempre aberto”.

Ao ser questionado mais especificamente sobre Moreira, Renato disse: “Só espero que ele siga as diretrizes políticas e regimentais do partido”. Finaliza dizendo que uma das exigências é apoiar candidatos “do mesmo campo”.

As declarações de Renato passam a impressão de que existe um certo receio de que Moreira não siga as determinações do PSB em relação ao processo eleitoral de 2018.

Esse “só espero” soa como uma desconfiança, como uma prévia advertência, como se Moreira possa tomar outro rumo que não seja o da legenda.

Outro detalhe que deixou dúvidas foi o que Renato Costa quis dizer sobre “apoiar candidatos do mesmo campo”. Que campo? O ideológico ou do governismo da base aliada do governo Rui Costa?

Se for do campo governista, Renato está liberando Rafael para apoiar candidato a deputado federal de outra legenda, como, por exemplo, Josias Gomes (PT).

Renato Costa tem que deixar bem claro se Rafael e Aldenes podem fazer campanha em Itabuna para candidatos de outros partidos em detrimento de um postulante do PSB.

Mais cedo ou mais tarde, o PSB de Itabuna vai ter que tomar uma posição em relação a Fernando Gomes, se apoia ou não sua administração. É bom lembrar que Rafael Moreira é um defensor ferrenho do governo municipal.

Sobre o “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, no sentido de manter a ordem e não deixar o PSB sair da linha, Renato Costa foi contundente: “Quem não cumprir na íntegra as diretrizes, será convidado a sair”.

PDT

2018 será um ano de importantes decisões no PDT de Itabuna, presidido pelo ex-prefeiturável Antônio Mangabeira, que vai disputar uma vaga no Parlamento federal. Certo mesmo, como 2+2 = 4, é todo empenho na campanha de Ciro Gomes, sem dúvida o mais preparado dos postulantes ao Palácio do Planalto.