Estamos começando o mês de abril e ele é marcado pela conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como Autismo. É um transtorno no desenvolvimento neurológico presente desde o nascimento ou começo da infância e não tem uma causa totalmente conhecida. Estudos e pesquisas científicas se concentraram bastante na viabilidade da causa genética, mas perceberam que ela explicava apenas metade dos casos. Então, ainda tem muito a se compreender, entender e buscar.
O fato é que esse mês comemorativo – e colaborativo – é de fundamental importância para mostrar para todo mundo o que é o Autismo, quais características, proporcionar inclusão, empatia, entendimento. A gente precisa compreender que existem diferenças entre cada um de nós, cada ser humano tem uma partícula que difere de um outro ser humano, e isso só renova o sentimento de respeito, de acolhimento, de entendimento.
Existem algumas características do Autismo que são marcantes e bastante peculiares, como a dificuldade de interagir socialmente – o que não tem nada a ver com o mito de que não gostam de pessoas –, de manter um contato visual, de expressar as próprias emoções, dificuldade na comunicação, interesses por coisas específicas – principalmente com movimentos repetitivos e em formas circulares –, uma sensibilidade maior aos sons, desenvolvimento de gestos que se repetem que ainda despertam preconceito. Isso mesmo que você leu, querido leitor! Existe, em nossa sociedade, o desrespeito, o preconceito, a falta de empatia com pessoas que possuem o espectro autista.
E isso é tão enraizado em nossas vidas que, muitas vezes, a dificuldade no diagnóstico e no tratamento se dá porque as famílias se sentem envergonhadas em ter um membro com autismo. Porque a sociedade é cruel, maldosa, aponta dedo, chama de forma pejorativa quem ela acha que é diferente dos “padrões”. Crianças com autismo são mantidas dentro de casa, sem um acompanhamento adequado que auxilie – de forma absolutamente favorável – no desenvolvimento intelecto-cerebral dessa criança. Porque, como não tem cura, o autismo ainda é visto com olhos de “não tem jeito”. Falta a informação, sim. Mas falta muita sensibilidade de nossa parte em não tratar com humanidade quem quer que seja que se apresente diferente de nós.
Existe uma campanha, a #eSeFosseSeuFilho, que apresenta situações em que crianças com algum tipo de deficiência são expostas a verdadeiros constrangimentos devido à pura e simples falta de empatia das pessoas. E a campanha tem por objetivo nos trazer à reflexão com a sutil proposta de se colocar no lugar do outro. E se fosse seu filho com algum tipo de deficiência e sofresse com a falta de respeito do vizinho? Se fosse você com algum tipo de deficiência e passasse por uma situação de profundo constrangimento por alguém se achar melhor que você, pelo simples fato de não possuir essa deficiência?
Campanhas sugerindo que a gente traga para a nossa vida situações como essas, que despertem a importância de se colocar no lugar do outro ainda são necessárias em pleno século 21. Nós não desenvolvemos, ainda, a capacidade de ter respeito pelo simples fato de ter respeito. Não ainda temos muito a caminhar como humanidade, e eu, humildemente, acredito que um dos principais caminhos seja a gente buscar ver as próprias limitações.
O autismo precisa ser visto, ouvido, mostrado. Nós precisamos defender e acolher as diferenças. Não precisa ter filho autista para compreender e respeitar o autismo. Não precisa ser mulher para defender o direito legítimo das mulheres. Não precisa ser negro para defender o direito legítimo dos negros.
Basta ser humano.
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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