Itabuna: sociedade convidada a refletir sobre impacto de informações falsas


 Seminário em Itabuna tratou de consequências das “Fake News”


O senador Ângelo Coronel, presidente da CPMI das Fake News, palestrou no seminário (Foto: Gerson Santana)

Você já compartilhou qualquer link que recebe como notícia, antes de saber se é verdade? Aí está a fonte da circulação rápida de informações falsas, cujos impactos envolvem toda a sociedade. O tema foi recentemente discutido em Itabuna, no seminário “Jornalismo do sul da Bahia – Realidade e desafios no combate a Fake News”. O encontro foi promovido pela AM3 – Assessoria e Consultoria, SINJORBA (Sindicato dos Jornalistas da Bahia) e ABI (Associação Bahiana de Imprensa).

Num dos painéis para discussão, o presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News no Congresso Nacional, senador Ângelo Coronel (PSD). De um lado, ele propõe a cobrança de multa de até R$ 50 milhões por dia e prazos ágeis para remoção de conteúdos mentirosos em redes sociais. “Se não tomarmos posições drásticas, não sei onde vamos parar”, observou.

Por outro lado, destacou a importância de preparar cidadãos para lidar com a circulação intensa de informações nas redes sociais. Por isso, propõe a alfabetização digital como item obrigatório no currículo da educação básica. Entende ser este um caminho para proteger a família e a sociedade nesse cenário.

Relatora da CPMI, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) destacou o “impacto do fenômeno da desinformação na vida da sociedade”. E adiantou que o documento final da Comissão deverá recomendar legislação que regulamente o uso das ferramentas de distribuição de informações, embora reconheça que o assunto divide opiniões. Entretanto, frisa o quão urgente é a tomada de providências. “A sociedade não sabe o que é real e o que é invenção”, lamentou.

O advogado e professor Fábio Santos, especialista em direito digital, também argumentou sobre a importância da educação no combate a Fake News. Ele se referiu às situações em que a liberdade de expressão deve ter limites e os mecanismos de fiscalização para que tais limites valham na prática. O profissional referiu-se, ainda, ao “papel do jornalista em zelar pela ética”.

Danos causados

O presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (SINJORBA), Moacy Neves, lembrou o quanto é crucial a apuração dos fatos antes de torná-los públicos – uma premissa do jornalismo, aliás. Para mencionar acontecimentos recentes, ele lembrou-se, por exemplo, das “Fake News” relativas a plantio de maconha em universidades federais.

Já o vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, reforçou a importância da discussão sobre os danos causados pela disseminação de informações falsas travestidas de notícia. “Hoje, qualquer pessoa com um celular na mão é capaz de produzir uma mentira em formato de notícia de telejornal e difundir isso rapidamente; ao mesmo tempo, há um terreno favorável a isso, por conta dessa coisa frenética, que são as redes sociais, com muita informação circulando ao mesmo tempo e um consumo instantâneo dessas informações sem uma análise prévia”, constatou.