A PÉSSIMA IMAGEM DO BRASIL


"Um país governado por malucos", segundo o articulista Marco Wense


Lá fora, nos estrangeiros, como diz o povão de Deus, quando o assunto é o Brasil, a terra do carnaval, samba e futebol, vem logo a definição: país de governantes malucos.

Isso mesmo, um país de governantes malucos. Eu acrescentaria, deixando de fora as pouquíssimas e honrosas exceções, de “homens públicos” irresponsáveis e gestores corruptos. Pobre país rico, diria, se vivo estivesse, o saudoso sociólogo Selem Rachid Asmar, que chegou a falar a mesma coisa em relação ao sul da Bahia: “Pobre região rica”.

Em plena pandemia do novo coronavírus, com milhares de seres humanos morrendo, a miséria aumentando, pessoas passando fome, o Brasil sendo dilapidado pelos malandros da política, os profissionais do roubo, os abutres, larápios, ladrões, germes, bandidos, enfim, por esses vagabundos.

Como não bastassem a roubalheira, a corrupção desenfreada e o vale tudo para o enriquecimento ilícito, nos defrontamos com uma preocupante instabilidade institucional, com os Poderes da República cada vez mais distanciados do preceito constitucional de que precisam ser harmônicos e independentes entre si, o que termina provocando fissuras na parede do imprescindível Estado democrático de direito.

E ainda tivemos o azar de ter um chefe do Palácio do Planalto que passou um bom tempo dizendo que a Covid-19 não passava de uma “gripezinha”. E hoje o Brasil sofre as consequências dessa infeliz declaração. O nosso Brasil é o primeiro do mundo na média diária de mortes pelo maldito, cruel, traiçoeiro e devastador coronavírus, superando os EUA e Reino Unido.

E a pior tristeza é o sentimento de indiferença que começa diabolicamente a tomar contar das pessoas diante do crescente e apavorante números de óbitos, uma espécie de banalização da morte, como se a vida fosse algo desprezível, descartável como um copo plástico.

Na Bahia, em Iguaí, município do sudoeste do Estado, os que fazem oposição ao prefeito de plantão, assim que souberam da primeira morte provocada pelo novo coronavírus, saíram em carreata pela ruas soltando fogos. A cidade tem 37 casos confirmados de covid-19.

As manchetes dos grandes jornais do mundo, quando a pauta é a crise do novo coronavírus, têm como prioridade o Brasil. Veja a última do New York Times: “Brasil enfrenta várias tragédias ao mesmo tempo: avalanche de mortes, crise econômica inédita, desgoverno e ameaça de golpe”.

E o presidente Jair Messias Bolsonaro? Em vez de ser o protagonista de um Brasil unido, pregando que salvar vidas é infinitamente mais importante que a picuinha política, de não medir esforços na busca de um entendimento entre os Poderes, de buscar o diálogo, fica criando uma crise atrás da outra, falando o que não deve, jogando gasolina na fogueira da gravíssima crise.

Ao cidadão-eleitor-contribuinte resta a esperança de ver os ladrões dos cofres públicos, do dinheiro meu, seu, de dona Maria, do senhor José, enfim, de todo povo brasileiro, na cadeia.

A sorte desses governantes, e aí cabe um agradecimento a Deus, mesmo para os que são ateus, é ter um povo calmo, paciente e sempre esperançoso. Do contrário… Só ELE sabe o que poderia acontecer.

Pobre país rico.