A decisão do prefeito Fernando Gomes (sem partido) de disputar à reeleição tem três consequências : 1) queda do Capitão Azevedo nas pesquisas de intenções de voto. 2) a polarização entre Mangabeira e o alcaide tende a se consolidar. 3) a neutralidade do governador Rui Costa no processo sucessório fica mais provável.
Ponto 1 – O reduto mais forte de Fernando e Azevedo é na periferia. Portanto, disputam o mesmo eleitorado. São dois políticos do campo populista e com características semelhantes. Aliás, politicamente falando, Azevedo é cria de Fernando. A próxima enquete deve mostrar uma queda do militar, aumentando assim a diferença entre ele e o primeiro colocado nas pesquisas. O diretório municipal do PL, legenda pela qual Azevedo pretende disputar o centro administrativo Firmino Alves, precisa, com uma certa urgência, desmentir o “boato” de que ele pode ser o vice de Fernando. Esse desmentido tem que ser duro, contundente e incisivo, sob pena de causar mais estragos na sua pré-candidatura. O problema maior é que Azevedo parece não sentir segurança no PL. Sua mais recente declaração é a prova inconteste da sua desconfiança em relação a legenda presidida estadualmente pelo ex-deputado federal José Carlos Araújo. “Se não me garantir a legenda eu tenho convite de vários partidos, fico até feliz”, disse o capitão. Ora, não tem outra conclusão que não seja a de que Azevedo vive inseguro com a sigla. O “fico até feliz” pode ser interpretado como um pedido de Azevedo para que a cúpula do PL seja sincera com ele e não fique de namorinho com Fernando Gomes.
Ponto 2 – Com Fernando candidato, a polarização com o prefeiturável do PDT, o médico Antônio Mangabeira, tende a ficar mais nítida. O próprio prefeito, em conversas reservadas, tem dito que seu maior adversário é o pedetista. Acha que Augusto Castro (PSD) e Geraldo Simões (PT) vão ficar estagnados nas pesquisas, sem nenhuma possibilidade de crescer. Em relação a Azevedo, Fernando tem a mesma opinião de todos os analistas políticos, ou seja, que o militar só tem chance sem ele na disputa. Mangabeira vem fazendo, e muito bem, o dever de casa. Já conta com o apoio do Podemos, PSC e da Rede. A conversa com o PSL está adiantada. O pré-candidato do PDT vem tomando a sopa da sucessão pela beirada do prato, sem muito oba-oba, como é do seu estilo. Tudo dentro da sua maneira de fazer política, sem prometer nada, sem mentira e disse-me-disse. Sem nenhuma dúvida, um fortíssimo postulante à prefeitura de Itabuna.
Ponto 3 – Já é dada como favas contadas a posição de neutralidade do governador Rui Costa (PT) na sucessão de Itabuna. O chefe do Palácio de Ondina não pode mostrar preferência por um determinado candidato da base aliada ou um neoaliado, como Fernando Gomes. É evidente que Rui não vai ficar satisfeito se Fernando for para o Republicanos, legenda comandada pelo bispo e deputado federal Márcio Marinho, que além de fazer oposição ao governo estadual, ser aliado de ACM Neto (DEM), já declarou que não quer conversa com o PT. O que passa pela cabeça de Rui Costa com Fernando indo para o Republicanos? A maior liderança do petismo baiano, dialogando com seus próprios botões, deve dizer: “Estou ajudando Fernando a diminuir seu alto índice de rejeição, tentando viabilizar sua reeleição, e agora ele escolhe uma legenda que faz oposição ao meu governo, dando um chega pra lá nas siglas que compõem a base aliada”. Vale lembrar que o Republicanos caminha a passos largos para apoiar a pré-candidatura de ACM Neto ao governo do Estado na eleicão de 2022.
A chamada Frente Para Salvar Itabuna, formada pelo PT de Geraldo Simões, PSB de Renato Costa, PCdoB de Davidson Magalhães e PSD de Augusto Castro, vive o dilema de não combater o governo Fernando Gomes para não contrariar o governador Rui Costa. O silêncio da frente com a administração municipal salta aos olhos. O que já se comenta nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que o PSB e PSD não estão satisfeitos com o andar da carruagem, que podem a qualquer momento abrir uma dissidência, formando uma nova frente com outras legendas.
É evidente que toda análise política, ainda faltando um bom tempo para as convenções partidárias, carece de consistência. Mas faz o nebuloso cenário ficar mais transparente, ajudando o cidadão-eleitor-contribuinte a não ficar tão perdido.