ACM NETO E AS ELEIÇÕES DE 2022


Sobre a sucessão do Palácio do Planalto, a situação de ACM Neto é embaraçosa


O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM, começa a dar sinais de que a prioridade da sua campanha para o governo da Bahia é o interior, mais especificamente os municípios que compõem a lista dos dez maiores colégios eleitorais.

Neto sabe que a possibilidade de sair vitorioso no pleito de 2022, tendo como principal adversário o senador Jaques Wagner (PT), cuja candidatura é dada como favas contadas, já que tem o aval do ex-presidente Lula, representante-mor do lulopetismo, aumenta à medida que vai penetrando no interior.

É evidente que Neto não vai deixar de lado a capital, mesmo sabendo que a situação está eleitoralmente sob controle. A grande maioria do eleitorado soteropolitano reconhece o seu trabalho nas duas gestões no comando do Thomé de Souza. A contrapartida pelo bom desempenho vai ser pago pelo voto, o “aparelho respiratório” dos políticos, sem o qual não sobrevivem.

Em relação à sucessão do Palácio do Planalto, a situação de ACM Neto é embaraçosa. Vai precisar de muito jogo de cintura para não deixar o eleitor confuso, sem saber qual é mesmo a posição do ex-alcaide diante da disputa pela cadeira do presidente Bolsonaro.

O que ACM Neto quer? Essa é a pergunta que, mais cedo ou mais tarde, o demista terá que responder. Se pretende ir para a direita, o caminho é fazer as pazes com Bolsonaro e enfrentar a cada vez mais forte rejeição da maior autoridade do Poder Executivo na Bahia. Se quer dar um toque de centro-esquerda na sua legítima pretensão de ser governador, a solução é apoiar à candidatura de Ciro Gomes (PDT).

O que é desaconselhável é a dubiedade. Em decorrência dessa falta de clareza, desse nevoeiro que cerca ACM Neto, o eleitor termina procurando outro candidato. Nem mesmo os mais experientes jornalistas que acompanham o dia a dia da política sabem dizer o que passa pela cabeça de Neto.

Segundo o site Políticos do Sul da Bahia, o prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB), é quem coordena a campanha de ACM Neto no interior. Como não tem almoço de graça na política, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que Hagge quer ser o vice de Neto. Para que seu desejo passe a ser uma hipótese que não pode ser descartada, terá que convencer as lideranças emedebistas da Bahia a apoiar Neto.

O site também informou que o vice-prefeito de Itabuna Enderson Guinho, do Cidadania, pode ir para o DEM. Outra coisa que as freiras sabem é que o ex-vereador quer ser o candidato a deputado estadual do grupo de ACM Neto no sul da Bahia. Se bem votado, principalmente em Itabuna, e se Neto for o próximo governador da Boa Terra, será candidato a prefeito de Itabuna em 2024.

O maior suspense da sucessão estadual vai continuar sendo protagonizado pelo senador Otto Alencar. O dirigente-mor do PSD baiano vai aceitar ficar de fora da majoritária governista? Qual será sua reação se fizerem com ele o que foi feito com a então senadora Lídice da Matta (PSB)?

Neto versus Wagner. Uma disputa acirrada entre dois invejáveis “cabos eleitorais”. Do lado do demista, o forte sentimento de mudança, assentado no fato de que o PT vai completar 16 anos no poder. Do lado do petista, a provável candidatura de Lula.