Por Simone Nascimento
A população de regiões ribeirinhas e locais de risco, como aqueles próximos a encostas e morros, continua em alerta, tanto em Itabuna como em Ilhéus. Afinal, a previsão é que chova durante todo o final de semana no sul da Bahia. Não se pode negar que as chuvas trazem, sim, boas novas para uma região que amargou uma seca de longos meses.
Por outro lado, de um modo geral, os temporais assustam, principalmente quem já passou por maus bocados em épocas como essa. É o caso da aposentada Maria Ferreira. Durante muitos anos, ela sofreu com os alagamentos em sua casa, no bairro Sinval Palmeira, em Itabuna. Ficava apavorada diante de qualquer ameaça de chuva.
“Quando chovia, a água da rua invadia minha casa. A gente tinha que correr e colocar os móveis tudo em cima de blocos, cadeiras. Tinha noites que a gente nem dormia. Tive muitos prejuízos. Perdi cama, geladeira e outras coisas”, lembra dona Maria. Hoje, o imóvel passou por uma pequena reforma e a encanação é outra, mesmo assim, a dona de casa teme que novos alagamentos ocorram, se as chuvas continuarem por muitos dias. “A chuva é bênção, mas pra quem mora num local sem estrutura, é muito difícil”, diz.
Final de semana chuvoso
Vários alagamentos e desmoronamento de terra foram registrados na última quarta-feira (16), em bairros como o Vila Anália, Novo São Caetano e o Parque Boa Vista. E como acontece sempre que chove, as avenidas do Cinquentenário, Amélia Amado e Ilhéus também ficaram praticamente intransitáveis.
Ao Diário Bahia, Roberto Avelino, coordenador da Defesa Civil, informou que, somente na quarta-feira (16), choveu aproximadamente 35 milímetros. E no final de semana, deve chover em torno de 55 milímetros. “Estaremos de prontidão durante todo o final de semana, principalmente nos trechos de risco da cidade”, ressaltou Avelino. Segundo ele, entre os pontos que merecem mais atenção estão os bairros Maria Pinheiro, São Pedro, Pedro Jerônimo, Monte Cristo e Parque Boa Vista, porque são cercados por encostas.
Até o fechamento dessa matéria, não havia registro de pessoas desabrigadas. Apenas uma família do bairro Vila Anália,segundo Avelino, tinha ido para a casa de parentes, mas já retornou. “Estamos com uma equipe nas ruas, catalogando os locais de risco, inclusive as comunidades ribeirinhas”, reforçou.
Mas em meio à alegria pela chuva que rega o sul da Bahia e ao medo que essa mesma chuva traga prejuízos incalculáveis, o Rio Cachoeira vive seus dias de “glória”. Durante a estiagem, ele era só pedra, baronesas e mau cheiro, mas agora ganhou uma “aguinha” e também os “holofotes” de itabunenses, que fizeram questão de postar fotos nas redes sociais, com legendas cheias de elogios, claro. “Minha Itabuna, Meu rio Cachoeira… fotografia de hoje. muuuuita chuva”, disse um internauta.
Estragos maiores em Ilhéus
Em Ilhéus, a chuva provocou estragos ainda maiores que em Itabuna. Por lá, os temporais caem desde o último sábado (11). Segundo Joandre Neres, coordenador de Defesa Civil naquele município, havia chovido 28 milímetros só na quarta-feira (16). Ocorreu, ainda, um ‘pico de intensidade’ de 20 mm, entre 3h e 6 horas da madrugada de quarta, inclusive com vendavais.
Entre os prejuízos causados pelas intensas chuvas e os ventos fortes estão o destelhamento de imóveis, alagamentos e quedas de árvores em vários locais. Um deles é a BR-415, mais precisamente na ponte próxima à entrada do bairro Teotônio Vilela. No Instituto Nossa Senhora da Piedade, uma torre com antenas de TV caiu sobre a área da piscina. Uma árvore desabou perto do Hospital Regional Luiz Viana Filho, no bairro da Conquista, onde algumas residências foram destelhadas.
O calçadão da Marquês de Paranaguá e a avenida Soares Lopes ficaram alagados e, na avenida Itabuna, parte de um barranco desabou próximo ao Viaduto Catalão. “Outros locais também sofreram em consequência da combinação de intensas chuvas e ventos, como os Altos da Conquista, Nerival e Coqueiro. Temos previsão para mais dois dias de chuvas”, informou o coordenador de Defesa Civil.
Acompanhamento e Orientação
De acordo com Neres, técnicos da Defesa Civil estão orientando os moradores das áreas atingidas e adotando todos os procedimentos para acompanhar a situação nos próximos dias. O volume da chuva está sendo acompanhado através de dois pluviômetros automáticos instalados na cidade: um na Central de Abastecimento do Malhado, e outro, na Policlínica Municipal, no bairro da Conquista.
Os equipamentos foram viabilizados pela atual gestão, em convênio firmado com o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Nacionais (Cemadem), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
