Começou com Henrique Mandetta, então ministro da Saúde. O presidente Jair Messias Bolsonaro não o convidou para uma reunião com médicos para tratar do coronavírus. Mandetta ficou fora do “baile”.
Depois foi a vez de Paulo Guedes, ministro da Economia, na apresentação do chamado plano Pró-Brasil para discutir os efeitos da pandemia no campo econômico. Guedes ficou fora do “baile”.
Agora é Nelson Teich, ministro da Saúde. O chefe do Palácio do Planalto, maior autoridade do Poder Executivo, decidiu sobre os serviços que devem ser considerados como essenciais sem consultá-lo. Teich ficou fora do “baile”.
Que coisa, hein! O coitado do Teich anda sabendo das decisões do presidente pela imprensa, sequer um comunicado por celular, mesmo que seja para tapear, fazer de conta que o subordinado merece atenção.
“Saiu hoje?”, disse o sobressaltado e surpreso Nelson Teich sobre a inclusão de salões de beleza, barbearias e academias como atividades essenciais, dando assim um chega pra lá nas recomendações da OMS para conter a propagação do coronavírus.
Vale lembrar que o decreto presidencial é inócuo, frágil como uma bolha de sabão. O STF, instância máxima da Justiça, já sentenciou que cabe aos governadores e prefeitos decidirem sobre a flexibilização do isolamento social. A decisão do Supremo Tribunal Federal é a prova inconteste de que a instituição anda preocupada com as posições do presidente da República diante da gravíssima crise, com o sistema de saúde caminhando para um colapso.
Assim que soube da notícia dos tais serviços “essenciais”, o ministro tratou logo de dizer que “é uma decisão do Ministério da Economia, não nossa”. Ora, ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que qualquer atitude que venha prejudicar o esforço de conter o avanço do cruel e devastador vírus deve ser motivo de preocupação e de interesse da pasta da Saúde.
Deixar o ministro Nelson Teich de fora dessas decisões, como que sua presença fosse dispensável e sua opinião sem nenhuma importância, é alimentar o “boato” de que o governo já procura outra pessoa para substituí-lo, que o chamado “gabinete do ódio” está fritando Teich. Com efeito, foi assim com Mandetta.
O dia de ontem (11), além de mostrar explicitamente o isolamento de Teich, foi marcado pela primeira declaração do presidente Bolsonaro lamentando as 10 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus, reconhecendo que o covid-19 não é uma “gripezinha”.
Vamos ver qual será o próximo “baile” que Nelson Teich irá ser barrado.