Exercendo o primeiro mandato como vereadora e uma única mulher na atual legislatura, a vereadora Charliane Sousa parece analisar o cenário político de maneira bastante cautelosa. Ou, como se diz popularmente, “com um olho fechado e outro aberto”. Mas ela não disfarça que aproveita a visibilidade na Câmara e diz, textualmente: “Quero deixar bem firme: Charliane Sousa é pré-candidata, vai até o fim e sem medo”.
Mas a afirmação veio depois de uma argumentação bem à la queda-de-braço (no campo das ideias, é claro). Como uma espécie de afago aos futuros concorrentes, ela declara. “Eu não gostaria de estar focada em 2020, uma vez que tenho desempenhado um papel muito importante na Câmara à frente da oposição. Meu nome para prefeita vai se manter. Temos muitos candidatos – bons candidatos, diga-se de passagem –, temos aí vereadores…”.
Quando indagamos se o fato de ser mulher será o principal argumento para o eleitorado fazer uma escolha inédita, a edil deixou claro não se tratar tão somente de uma bandeira pelo gênero: “O povo não vai votar em mim somente por ser mulher, mas porque sou uma mulher na política que estudo, fiscalizo, brigo e cumpro minha função de vereadora, ou seja, quem votar em mim será pelo conhecimento da cidade e pelo trabalho demonstrado”, justifica.
Todos sabem que Charliane foi eleita pelo PTB. Porém, seria a mesma sigla numa eventual candidatura dela? “Eu acredito que legenda é necessária, mas o que eu penso é o nome, as convicções, o projeto. E toda essa história que eu construí na política vai ser avaliada pelo eleitor e, consequentemente …; é nisso que eu acredito e o povo tá querendo saber mais de projeto que fazer defesa de partido como se fosse torcida de futebol”, opina.
Do elogio à cutucada
Também buscamos a posição da vereadora sobre o movimento da maioria dos pré-candidatos por um partido que esteja na base do governador Rui Costa. E perguntamos: Charliane Sousa vai para qual lado a fim de ser candidata? Nesse ponto, ela pareceu ainda mais cuidadosa com a resposta – mas sem deixar o tom “morde e assopra”.
“Tenho que reconhecer o bom trabalho que o governador tem feito aqui em Itabuna, tenho que elogiar. Alguém pode pensar porque sou dura contra a gestão do prefeito de Itabuna [Fernando Gomes], que faço uma oposição destrutiva, mas é o contrário. Busco construir, apontar erros, fiscalizar, propor leis e votar com a minha convicção a favor do que considero ser melhor para o povo; por isso repito, vejo boas ações do governador em Itabuna, mas poderia ser melhor, investir em urbanização, saúde e, principalmente, segurança – pelos altos índices de criminalidade que estamos vivendo e não estamos vendo nenhuma ação concreta do governo municipal, nem do estado”, complementa.
Para arrematar, deu sinais de que está, sim, sendo sondada pelo partido Democratas (DEM). “Volto a dizer: legenda é conseqüência. As pessoas têm que mudar essa cultura e pensar nas pessoas, nas propostas, mas seguirei o posicionamento dos deputados que apoiei na cidade, Sandro Régis e Leur Lomanto Júnior, do Democratas”, detalha.