* Marco Wense
Com um viés irônico, o dicionário Caldas Aulete define os muristas como as pessoas que não se decidem senão à última hora, quando a posição a ser tomada já lhes é francamente favorável.
Até então, sem mostrar nenhum tipo de constrangimento, ficam “em cima do muro” sem anunciar para que lado penderão. São excepcionais bajuladores e adeptos fervorosos do puxa-saquismo.
O problema é que o muro pode desabar a qualquer momento, não aguenta mais o peso dos oportunistas de plantão, que ficam esperando o resultado das urnas para dizer que votou no candidato a prefeito vitorioso.
O saudoso jornalista Eduardo Anunciação, hoje em um lugar chamado eternidade, dizia que, para se ter credibilidade, respeito e confiança, é preciso ter lado.
Os muristas são calculistas, cínicos e hipócritas, desprovidos de autoestima e dignos de pena. Uns pobres coitados que só conseguem viver sob o guarda-chuva do poder, mamando nas tetas do erário.
Podemos classificar os que ficam em cima do muro como as prostitutas do processo eleitoral. Conseguem agradar, concomitantemente, a dois, três e até quatro prefeituráveis.
Nos bastidores
Qual será a reação dos eleitores quando descobrirem que seu prefeiturável negocia para ser vice-prefeito de um ex-alcaide?
Até as simpáticas freiras do convento das Carmelitas sabem quem são os pré-candidatos a vice. Tem um, por exemplo, que durante o dia jura que vai levar sua campanha até o fim, mas quando começa a escurecer não larga o telefone: Alô, tudo bem? E aí, vou ser seu vice, né?
Toma lá, dá cá
Não sei como um pré-candidato vai conseguir governar Itabuna, obviamente se eleito. A cada partido coligado, a promessa de uma secretaria verticalizada. Ou seja, do porteiro ao titular da pasta.
A intenção do dito prefeiturável é se aliançar com oito agremiações partidárias, o que pressupõe, se o acordo for cumprido, oito secretarias como moeda de troca.
A sabedoria popular costuma dizer, quando prevê uma situação desastrosa, que vai ser um mangue. Confusão, confusão, confusão, diria o repórter Roberto de Souza, Rádio Difusora.
Pois é. Estão fatiando o centro administrativo Firmino Alves. Coitada da nossa Itabuna, além da grave crise hídrica e da roubalheira na Emasa, a possibilidade de cair nas mãos de um “gestor” irresponsável.
Roberto e as pesquisas
O prefeiturável do Partido Republicano, Roberto José, tem consciência que sua candidatura depende do seu crescimento nas pesquisas de intenções de voto.
Roberto é um bom pré-candidato a vice-prefeito, com a ressalva que só pode se aliar a um partido da base aliada do governo Rui Costa, já que o PR dá sustentação política ao chefe do Executivo.
Confesso que não vejo nenhuma chance do ex-secretário de Trânsito levar sua candidatura até o dia 2 de outubro. Não à toa que o também prefeiturável Capitão Azevedo faz uma festa quando se encontra com o ex-vanista.
PSB
Essa modesta coluna, eminentemente política, foi entregue ao Diário Bahia na quinta pela manhã. O PSB de Itabuna, presidido por João Carlos, vai se reunir com os seus pré-candidatos a vereador no mesmo dia, provavelmente à noite.
A maioria dos postulantes a uma vaga no Legislativo quer apoiar a pré-candidatura do médico Antônio Mangabeira, fazendo uma coligação na proporcional e indicando o vice na chapa encabeçada pelo prefeiturável do PDT.
Não está descartada a possibilidade de uma aliança com o ex-alcaide Geraldo Simões. O argumento usado é o da contrapartida. O PT vai apoiar a senadora Lídice da Mata na sucessão soteropolitana em troca do apoio do PSB ao petista.
Há também um outro caminho: o PTB de Azevedo e do vereador Ruy Machado, sem dúvida o edil mais azevista da “Casa do Povo”. Essa opção, no entanto, também desejada por Josias Miguel, descaracteriza a legenda socialista.
Não se sabe ainda a posição de Carlos Leahy, que por motivo de doença desistiu da sua pré-candidatura. Professor Aurélio, ex-presidente do partido, defende uma aliança com o PDT.
Mangabeira
O pré-candidato do PDT, Antônio Mangabeira, é a maior vítima da boataria inerente ao movediço e traiçoeiro mundo político. O disse-me-disse de que vai desistir, de que vai ser vice de fulano de tal, beltrano e cicrano, começa logo cedo e só termina no outro dia.
Como na política não se chuta “cachorro” morto, é sinal de que o pedetista cresce nas pesquisas de intenções de voto e que pode surpreender, para o desespero dos fofoqueiros e das fofoqueiras de plantão.
O problema é que o tiro da boataria está saindo pela culatra. Além de fazer crescer a campanha do prefeiturável, vem provocando a seguinte pergunta: Por que todo esse medo do doutor? O PDT já marcou sua convenção para 23 de julho, na AABB, às 19 horas.
Na espera
A expectativa pela divulgação de uma nova pesquisa sobre a sucessão do prefeito Claudevane Leite, que seja registrada na Justiça Eleitoral, que possa ser divulgada nos meios de comunicação, é grande. Essa consulta pode trazer dois fatos: 1) o pré-candidato do PDT, Antônio Mangabeira, se consolidando no pelotão da frente. 2) o crescimento do eleitorado que não pretende votar em quem já foi prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, Geraldo Simões e José Azevedo.