O mesmo Fernando Gomes que agarrou o samba “Foram me chamar/ eu estou aqui/ o quê que há” na campanha a prefeito de 2016 parece já ensaiar uma paródia para cantar em 2020: “Se é pra ficar/ só votar em mim/ vou ganhar”.
Mesmo às vésperas de terminar o mandato, ele usou esta semana o termo “choque de gestão”, para anunciar uma verdadeira “dança das cadeiras” que pretende promover na Prefeitura no início de setembro. “Até o dia 05, vai entrar gente e sair gente”, avisou, numa entrevista coletiva na sala de reuniões vizinha ao gabinete.
Já no quinto mandato, o gestor manifestou certo desânimo diante das limitações financeiras. “Hoje é difícil ser prefeito. Administrar com dinheiro é fácil; quando tinha muito dinheiro, fiz o que fiz nessa cidade”, lembrou.
Segundo ele, uma auditoria na área de Saúde começará na próxima semana – e espera resultados para um mês depois. “Quem fez errado vai pagar caro. Tem gente ganhando dinheiro e que não trabalha; tem gente que ganha 20 mil reais e não vai trabalhar”, acusou.
A entrevista foi para tratar da ameaça de fechamento da Maternidade Ester Gomes e ele disse não levar em conta o fato de parentes dele trabalharem naquela unidade de Saúde. Esperava a continuação do atendimento e exibiu um tom de alerta – quase à la “Salvador da Pátria”: “É melhor não fechar; senão, não abre mais. Porque eu não vou fazer o que a lei não permite. Ou a Maternidade ou a UPA, só não pode é deixar as mães sem atendimento”.
Dom Fernando?
O Diário Bahia indagou se falar em “choque de gestão” a essa altura do governo não é um indício de que ele vai mesmo em busca do sexto mandato. E o prefeito tentou desconversar. “Eu não tô pensando em eleição; eu tenho 80 anos e tô há 46 na política”.
Mas já sinalizou uma alfinetada para possíveis futuros adversários que disputarem as principais cadeiras do Executivo: “Tomara que não elejam dois irresponsáveis”.
É certo que 2020 ainda não chegou, mas algo ficou patente: sentado na cadeira à frente de uma imagem de Nossa Senhora, Fernando Gomes está afim de parafrasear a célebre frase atribuída a Dom Pedro I: “Se for para o bem de todos e felicidade geral de Itabuna, diga ao povo que fico”.