FG E A SUCESSÃO MUNICIPAL


Marco Wense faz uma análise do momento politico de Fernando Gomes


Houve um recuo na intenção do prefeito Fernando Gomes de disputar o sexto mandato como gestor de Itabuna. O suspense continua, não só nas hostes do fernandismo como na oposição.

O alcaide pode deixar o MSP (Movimento dos Sem Partidos) a qualquer momento. O PP do vice-governador João Leão já formalizou o convite. Nos bastidores da legenda, há uma iniciativa de acabar com as arestas entre Eric Ettinger Júnior e Fernando Gomes, que foi, sem nenhuma dúvida, o maior responsável pela renúncia do médico. O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna é agora um ex-prefeiturável.

Quais seriam os três principais pontos que poderiam provocar a desistência de Fernando em concorrer ao segundo mandato consecutivo? A resposta, sem titubear e fazer arrodeios, seria a saúde, a rejeição e o governador Rui Costa (PT).

O estado de saúde não diz respeito só a Fernando Gomes. Qualquer pré-candidato, independente da idade, pode desistir da postulação em decorrência de uma enfermidade, que pode se agravar com o corre-corre frenético da campanha.

Antes que os maldosos façam uso do disse-me-disse, e as fofoqueiras e mariquinhas de plantão comecem a plantar inverdades nas redes sociais, digo logo que não tenho nenhuma informação sobre o estado de saúde do chefe do Executivo e nem dos outros prefeituráveis. Confesso que esse assunto não me interessa.

O ponto 2 é a rejeição. O índice de Fernando é gigantesco. Todas as pesquisas apontam que o governo precisa de uma melhora significativa. A desaprovação é assustadora. O tempo, que é inexorável e senhor da razão, passa a ser o maior adversário.

E, por último, o governador Rui Costa, considerado como uma espécie de “tábua de salvação” da atual gestão. O vereador Jairo Araújo, do PCdoB da deputada federal Alice Portugal, costuma dizer que Rui Costa “é o prefeito de Itabuna”.

E aí, como entra o governador nessa desistência de Fernando Gomes? Perguntaria o atento leitor. Rui Costa, de olho na eleição de 2022, deve cruzar os braços em relação ao processo sucessório. Não vai se indispor com sua base aliada, que pode até ter três candidatos a prefeito, incluindo o do seu partido, o PT. Vale lembrar que o ex-presidente Lula já avisou que o petismo não abre mão de candidatura própria na sucessão municipal.

Essa posição de Lula, de impor que o PT tenha seu candidato, está provocando o isolamento da legenda. Já há uma movimentação entre os governadores do partido no sentido de que o petista-mor não leve sua unilateral deliberação ao pé da letra, que seja mais transigente e menos radical. Essa soberba do lulopetismo, que parece encrustada e longe de uma reflexão, oxigena a necessidade de partidos de esquerda e centro-esquerda se unirem, o que significa não ficar a reboque de quem se acha superior.

É evidente que cada Estado tem suas nuanças políticas, com seus municípios tendo suas peculiaridades. Na Bahia, por exemplo, as arrumações da sucessão do prefeito ACM Neto têm repercussões diferentes em Itabuna e na vizinha e irmã Ilhéus, influenciando a política local, principalmente nas coligações.

Devido ao espaço, para que o editorial não fique cansativo, voltaremos ao tema no comentário do próximo domingo.

Teria outro item que possa oxigenar a desistência do prefeito Fernando Gomes? Muita gente fala do tabu. Ou seja, o eleitorado itabunense nunca reelegeu um gestor para um segundo mandato consecutivo.

Fernando Gomes. Foto: arquivo/Diário Bahia