Por Celina Santos
Um homem íntegro, que exercia a profissão como sacerdócio e guardava seus ideais – sobretudo na política – longe de qualquer mácula. Dentre tantas outras características, assim será lembrado o engenheiro civil itabunense Dagoberto Brandão de Oliveira, que faleceu às 2h15min da madrugada desta quarta-feira (12), aos 82 anos, em Salvador. Ele lutava contra um câncer no esôfago. Fundador do PDT na cidade, era apontado como um seguidor inveterado de Leonel Brizola.
Dagô, como era carinhosamente chamado pelos amigos e familiares, estava morando na capital baiana havia oito meses, desde que descobriu a doença. Ele era submetido a tratamentos de rádio e quimioterapia. Antes de partir para Salvador, porém, exerceu o ofício de engenheiro até os últimos tempos. Além de ser um leitor ávido de todos os assuntos, buscava aprimorar os conhecimentos técnicos na sua área e estampava na porta do escritório um lema que o traduzia com perfeição: “Se eu não posso lhe servir, não me peça pra pedir”.
Para o primo de Dagoberto, o oficial de justiça Olívio José Borges de Oliveira, também correligionário dele no PDT, fica a imagem de “um homem bom, camarada, amigo, correto nas suas ações, prestativo, sempre disposto a ajudar e dono de uma personalidade forte”. E completou: “ele deixa uma lacuna em Itabuna”.
“Mestre político”
Dagoberto Brandão, filho da saudosa professora Lindaura Brandão, fundadora do Colégio Divina Providência; irmão do advogado e professor universitário Joel Brandão, era aposentado da Petrobras e ocupou o cargo de Secretário de Viação e Obras no governo do então prefeito José Oduque, na década de 70. O profissional foi, inclusive, responsável pela construção do prédio onde funcionou a Prefeitura de Itabuna e hoje está alugado à FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências).
O comentarista Marco Wense, que já exerceu a presidência do PDT duas vezes, lembrou que foi pelas mãos de Dagoberto Brandão que ele chegou à sigla, onde está há mais de 30 anos. “Dagô foi meu mestre político, era um Político com P maiúsculo; foi perseguido pela Ditadura Militar em 1964, foi o maior brizolista do Brasil e admirava também Darcy Ribeiro”, definiu.
Brandão deixou viúva, Marielza Calmon de Oliveira, e dois filhos – a advogada e médica neuropediatra Sabrina e o administrador Rafael Calmon de Oliveira. O corpo será velado a partir das 19 horas, na residência da família, situada à rua São Marcelo, nº 257, bairro Zildolândia. Já o sepultamento, em horário a definir, será no Cemitério Campo Santo, nesta quinta-feira (14).