O monólogo “Lindas rosas negras”, do dramaturgo, Jorge Batista, exalta a ancestralidade feminina africana, através da narrativa do bisneto de uma matriarca em solo brasileiro. A ideia é que a representatividade feminina seja lembrada como parte importante na construção do Brasil de hoje, destacando na narração a trajetória de vida dessas personagens muitas vezes esquecidas na história.
A apresentação valoriza a arte da representação do teatro e utiliza a linguagem audiovisual com foco na integração do fazer artístico nesse período de pandemia. Destaca também que essa vertente artística na região cacaueira sempre foi realizada por representantes afrodescendentes de Itabuna e região com alcance estadual e nacional.
Acessível a todos
O “Lindas Rosas negras” exalta o papel da mulher na terra do cacau e sua construção de guerreira, batalhadora e sobrevivente das violências diárias de gênero. Utiliza para isso a tradição da oralidade africana e os ditos populares que marcam épocas. A encenação utiliza assim o canto, a dança e a narrativa griô na condução das três histórias. “O espetáculo guia o público para a sensibilidade e o humor presente do cotidiano do povo negro”, pontua o autor.
Ele conta que a opção por um monólogo audiovisual tem o intuito de democratizar o acesso do espectador, principalmente as matriarcas que nesse momento de pandemia e por serem grupo de risco estão cumprindo o isolamento social. O uso da plataforma digital também permite que o custo e acesso sejam possíveis a todos.
O projeto é financiado pelo Governo Federal com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, com o apoio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC).
Jorge Batista
O ator e diretor grapiúna Jorge Batista tem sido um ativista incansável do tema da negritude, bastante pertinente na atual conjuntura local e nacional. Possibilitar que ele possa ser o autor e o personagem do monologo é também um reconhecimento do seu talento e da sua contribuição com o teatro de Itabuna, onde já atuou, dirigiu e desenvolveu projetos de sucesso.
Feliz com o resultado do trabalho, Jorge destaca: “o espetáculo faz referência a mulheres dos nossos antepassados, pois só chegamos onde chegamos por conta dessas mulheres”.