Josias e a base aliada



 

Josias Gomes

O secretário de Relações Institucionais, Josias Gomes, na ânsia de arrumar apoios para sua candidatura a deputado federal, vai terminar prejudicando a reeleição do governador Rui Costa (PT).

Em menos de dez dias, já conseguiu desagradar a dois ex-prefeitos de Itabuna, o “companheiro” Geraldo Simões e Claudevane Leite, o Vane do Renascer.

Josias quer colocar os seus nos cargos do governo e tirar os nomeados de Vane e Simões. “Todo leite será derramado se o governador não abrir os olhos”, diz um membro do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores.

Se o relacionamento entre Geraldo e Gomes não era bom, agora desandou de vez. As relações de Josias com a base aliada são desarticuladoras.

Outro ponto que vem causando desgaste a Josias é o não cumprimento das promessas, o que pode causar problemas na votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018.

Deputados da base estão irritados com o chefe da Serin. Josias estaria prometendo o céu e não entrega nem um pedacinho dele.

Ao Bahia Notícias, um parlamentar fez o seguinte desabafo: “Há esse ruído na base porque houve compromissos de nomeação de cargos e, até então, nada. Estamos chegando ao final do ano e essas nomeações não saíram do papel”.

Alguns deputados já defendem a imediata saída de Josias Gomes da secretaria estadual de Relações Institucionais, sob pena do indispensável bom relacionamento entre o Executivo e Legislativo degringolar.

A sabedoria popular costuma dizer que “dois sentidos não assam milho”. Josias quer cuidar simultaneamente da articulação política do governo e da sua campanha.

Aliás, essa insatisfação com Josias, ex-geraldista de carteirinha, hoje adversário político do ex-alcaide de Itabuna, já faz um bom tempo.

Coxinhas, mortadelas e kibinhos

Nas suas andanças pelo país, o ex-presidente Lula vem fazendo três coisas que mais gosta de fazer: criticar a Lava Jato, falar do governo Temer e atacar as reformas.

A megaoperação condenou o petista, que se acha perseguido pelo juiz Sérgio Moro, que se defende dizendo seguir o que está na lei.

Em relação ao governo do peemedebista-mor, nada melhor do que falar cobras e lagartos de um presidente moribundo e com uma impopularidade gigantesca.

Quanto às reformas, é uma maneira de se aproximar ainda mais dos trabalhadores, dos seus respectivos sindicatos e dos partidos definidos como de esquerda.

Na sua última caravana de 2017, pelos Estados do Espírito Santo e Rio, Lula disse que Michel Temer “inventou a doença da corrupção para anestesiar o povo”.

Se o presidenciável Lula dissesse que a corrupção aumentou no governo Temer, aí tudo bem. Mas que ele “inventou” a doença da corrupção é demais da conta.

A corrupção não tem patente. Vem de priscas eras, como diria o saudoso e polêmico jornalista Eduardo Anunciação. Lula se esquece do mensalão, petrolão e outros escândalos da era PT.

Como não tem um aparelho para medir a corrupção, cujo nome seria “corruptômetro”, fica esse duelo entre coxinhas (PSDB), mortadelas (PT) e kibinhos (PMDB).

O pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, tem razão quando diz que o Brasil não merece essa briguinha entre esses três grupos políticos.

Papel de besta

“Sua resistência foi fundamental para evitar uma fratura no equilíbrio dos poderes e no sistema republicano. Foi bom para a democracia”.

Quem fez esse elogio ao presidente Michel Temer? Letra A – senador Romero Jucá. Letra B – Moreira Franco. Letra C – Rodrigo Maia. Letra D – Eliseu Padilha. Letra E – nenhuma das alternativas.

A resposta é a opção E. Quem enalteceu Temer foi o petista Fernando Pimentel, governador de Minas e considerado como uma das estrelas mais cintilantes do petismo.

Pois é. Enquanto a militância fica dizendo que Dilma Rousseff sofreu um duro golpe, os cardeais do PT, aí incluindo o próprio Lula, ficam de tititi com os “golpistas”.

Lula, por exemplo, já conversa com Renan Calheiros e toda a turma do PMDB que protagonizou o impeachment. E faz tudo sem nenhum constrangimento.

A Dilma também já esqueceu esse discurso de golpe. Só toca no assunto quando é questionada pela imprensa. Agora é buscar aliança e esquecer o tal do “golpe”.

Confesso que quando vejo um militante do PT esbravejando e dizendo horrores dos “golpistas”, só vem um sentimento: o de pena.

“Foi bom para a democracia”, diz Pimentel sobre a resistência de Temer em relação às duas denúncias da Procuradoria Geral da República e sua permanência no Palácio do Planalto.

Que coisa, hein! Só falta agora a militância retornar às ruas e ressuscitar o “Fora Temer”. A sabedoria popular diria que os militantes estariam fazendo “papel de besta”.

PS – O encontro entre Pimentel e Temer aconteceu na noite de segunda-feira (11), no aconchego do presidente. Durou um bom tempo. Os elogios foram recíprocos e intensos. Pareciam dois velhos companheiros.

O PSDB e o governo Temer      

Não tem outro caminho para o PSDB que não seja de uma aliança com o governo Michel Temer e, por consequência, com o PMDB.

Se o tucanato tomar outra posição, corre o risco de ficar isolado na sucessão presidencial e com um tempo pequeno no horário eleitoral.

Se aproximando do governismo, o PSDB mantém viva a esperança de partidos como o PR, PP, PRB, PTB e o PSD apoiarem a candidatura de Geraldo Alckmin.

O DEM é uma incógnita, já que não pretende ser novamente coadjuvante no processo sucessório presidencial. Rodrigo Maia e ACM Neto são os nomes da legenda para uma eventual disputa.

Em relação ao prefeito de Salvador – também cotado para ser vice de Alckmin –, a possiblidade de aceitar uma candidatura ao Palácio do Planalto é remotíssima, quase que não existe.

Aliás, Neto está mais para uma disputa pelo Palácio de Ondina, enfrentado o petista Rui Costa (reeleição), do que para qualquer outro pleito. Se a eleição fosse hoje, enfrentaria o governador.

O presidente já avisou que só vai apoiar uma candidatura que defenda seu governo, o que pressupõe a defesa das reformas, mais especificamente a previdenciária.

Mas nem tudo são flores. Ou seja, se tem a perspectiva de uma boa coligação, dando um precioso tempo na telinha eletrônica, tem do outro lado a gigantesca impopularidade de Temer.

Se a aliança do PSDB com o governo Temer for concretizada, o bom desempenho de Alckmin fica condicionado a uma melhora na economia com uma diminuição significativa no índice de desemprego.

O PSDB não tem outro rumo, só o da aproximação com o governo Temer, a não ser que esteja só pensando na sucessão de 2022.

Implacável e obsessiva perseguição

O PT mais próximo do governador Rui Costa, tendo na linha de frente Josias Gomes e Everaldo Anunciação, continua na missão de definhar politicamente Geraldo Simões.

Essa perseguição já faz um bom tempo. Diria que começou quando Rui Costa se elegeu governador e colocou Gomes como secretário de Relações Institucionais.

Gomes se juntou com Anunciação, presidente estadual do PT, e deu no que deu: Geraldo Simões perdendo cada vez mais espaço no governo.

A última maldade da dupla Gomes e Anunciação, entre muitas outras, foi a exoneração de uma cunhada de Geraldo do Núcleo de Educação.

Como não bastasse, colocaram no cargo Eduardo Ninão, um ex-geraldista de carteirinha, hoje aliado de primeira hora de Josias e antigeraldo declarado.

Toda vez que ocorre uma “caçada” ao ex-prefeito de Itabuna, que já virou uma obsessão, vem à tona a possibilidade de Simões deixar o PT.

A desfiliação do ex-alcaide é o sonho cotidiano da dupla Gomes e Anunciação. Geraldo vai permanecer no PT por dois motivos: Lula e Jaques Wagner. Suas duas vigas.

Fica evidente que toda essa implacável perseguição contra Geraldo Simões tem, no mínimo, a complacência do governador Rui Costa.

Gomes e Anunciação não iriam dar seguimento à destruição política de Geraldo sem o conhecimento e o aval do chefe do Palácio de Ondina.

A ausência de Geraldo no primeiro encontro do PT em Itabuna, para discutir a eleição de 2018, é a prova inconteste da sua insatisfação.

Se fosse no tempo que Geraldo Simões dava as cartas no PT, a sabedoria popular diria que a briga era entre “cachorros grandes”. Agora é uma covardia: dois contra um.