A presidente do SIMPI (Sindicato do Magistério Municipal Público de Itabuna), Maria do Carmo Souza Oliveira (Carminha), esclarece – em entrevista ao Diário Bahia – quais são os principais anseios para o novo secretário de Educação. O posto ainda não está oficialmente ocupado. Ela também relaciona o que o sindicato vê como avanço e o que vê como retrocesso no atual governo, em se tratando de ações para o setor
Qual a primeira providência que os professores esperam do novo secretário de Educação?
Sobretudo que esteja pronto para dialogar sobre a implantação de novo Plano de Cargos e Salários, que sente à mesa para negociar logo a campanha Salarial de 2018 e que discuta aspectos da valorização profissional garantindo a Lei do Piso Salarial para todos os professores, seja em seu financeiro quanto no direito à reserva técnica para planejamento e estudos, e que resolva a situação dos atrasos de salários dos professores em desvio de função.
Os professores esperam que o(a) novo(a) secretário(a) da educação possa apresentar uma postura de dialogo com a categoria, sobretudo respeitando e valorizando o trabalho dos professores.
Desentendimentos com o sindicato estão entre os principais motivos da exoneração de Anorina Smith Lima?
De forma alguma, a exoneração da secretária de Educação ocorreu por única decisão do prefeito que a nomeou, acredito pelas suas qualificações ao cargo. Sindicato não possui poderes para nomear ou exonerar secretários que são das relações políticas estritamente do Poder Executivo, seja pelas suas relações ideológicas partidárias ou pelo perfil técnico.
As divergências entre um sindicato e pessoas que ocupem cargos de confiança em um governo sempre vão existir, devido aos interesses postos. O sindicato é um guardião que protege e defende interesses de direitos legais de uma categoria profissional, e é claro que haverá sempre confrontos de colisão com o governante, o patrão, que apresente propostas políticas de retiradas de direitos. Mas governo algum exonera uma pessoa que ocupa um cargo de confiança por conta de desentendimentos ou divergências existentes com uma entidade sindical
Em termos de perfil, como deve agir o próximo secretário de Educação?
Que tenha um perfil de gestor que busque mais o dialogo, que ouça mais sua equipe de trabalho antes de qualquer tomada de decisão, que respeite e valorize mais o trabalho de nossos professores, que faça suas críticas, mas que não esqueça que enquanto gestor da educação precisa apresentar os meios, evitar o fracasso do ensino, recuperando a credibilidade do nosso sistema municipal de educação junto a nossa sociedade grapiúna.
Afora as questões salariais, os professores veem uma conquista recente para a categoria em Itabuna?
Tivemos sim. Os professores, que vinham criticando a proposta pedagógica de escola ciclada, implantada em nossa rede há mais de 14 anos, estão tendo a oportunidade de trabalhar uma nova proposta pedagógica implantada por este governo. Embora a nova proposta pedagógica esteja em discussão no Conselho Municipal de Educação (CME), esta recebeu autorização precária para que fosse já trabalhada em nossa rede.
O sindicato inclusive está fazendo parte dessa discussão e vai convocar os professores, para que possamos fazer comissões de acordo com os segmentos de nossa categoria, com vistas à ampliação dos olhares frente aos desafios que esta nova proposta pedagógica possa apresentar aos professores e alunos.
Em que a senhora diria que houve um retrocesso?
Diante da conjuntura, diria que o retrocesso está na falta de uma política pública de gestão que envolva a corresponsabilidade dos diferentes setores no atual governo, em que cuide da coisa pública sem desprezar o valor humano, tanto dos professores e demais servidores públicos de nosso município.
