Continuando a nossa conversa sobre o passado de nossa cidade, neste mês comemorativo de sua emancipação política, vamos falar, hoje, do Jardim da Prefeitura, aquela praça que tem o nome de Olinto Leone, homenageando o primeiro Intendente do Município. Temos nos referido, nesses comentários semanais, àquela época dos anos quarenta, cinquenta e sessenta, principalmente as duas primeiras, período bem vivenciado pelo autor destas linhas, cujas lembranças estão bem guardadas na memória, correspondendo a uma época relativamente tranquila e que deixou saudades.
Itabuna tinha duas praças principais, a Adami e a Olinto Leone; a primeira, também a primeira praça da cidade, era o ponto nevrálgico da jovem cidade, das transações políticas e comerciais e, a segunda, era o ponto de encontro da juventude; sempre foi chamado de jardim da Prefeitura, primeiro por que tinha um jardim muito bonito – até 1958 – e, segundo, porque abrigava o prédio da municipalidade (prefeitura e câmara de vereadores).
A Praça Olinto Leone inicialmente abrigou o segundo cemitério da cidade e, depois, um campo de futebol, antes do estádio da LIDA; sofreu uma grande transformação no governo de Laudelino Lorens, em 1924 e ganhou uma amurada paralela ao rio Cachoeira, que existiu até os anos sessenta; em 1936, sendo prefeito Glicerio Lima, sofreu a primeira transformação, com belas alamedas e árvores cortadas em forma de animais e prédios; sofreu uma segunda reforma em 1958, no governo de Francisco Ferreira da Silva, tomando o formato atual e uma quarta e última reforma, no governo de Geraldo Simões, em 1966.
O jardim da prefeitura, como dissemos, era o ponto de encontro dos jovens, principalmente porque nele se encontrava o Itabuna Club, onde hoje situa-se o Banco do Brasil; muitos namoros que ali começaram progrediram para casamento e exercia-se prazerosamente a arte da “paquera”. Os ginasianos, ao final da manhã e ao final da tarde, deixando os seus colégios, muitos dirigiam-se ao jardim, usando as suas fardas, naquela alegria própria da juventude; também depois das “matinês”, davam uma passada pelo jardim; às noites o jardim era procurado pela juventude, principalmente no final da semana e no período das férias.
O Itabuna Club ocupava uma esquina e o prédio da Prefeitura a outra; fim de semana e em alguns dias no meio da semana, a juventude ficava à espera dos primeiros acordes da orquestra, para se dirigir ao clube (aqueles que eram sócios); também ia-se ao clube para assistir às partidas de basquete que, mesmo numa quadra acanhada, movimentava a torcida, principalmente quando o adversário era de Ilhéus. O clube também promovia festas de São João, Primavera e, principalmente, o carnaval. Vez por outra também trazia um renomado cantor ou figura do teatro, para apresentação em seus salões. Ressalte-se que, diferentemente do que ocorre hoje, com música estridente que não dá margem a uma conversa, as festas daquela época eram animadas por uma orquestra, com muito instrumento de sopro, com boa música para dançar.
A praça, com o seu jardim, continuam; sem o brilho de outrora, passando por essas transformações que ocorrem com tudo na vida. Por certo, alguém da minha geração, que tenha participado dessa quadra gostosa de um passado nem tão recente, também experimente um laivo de saudade, de um tempo bem diferente do atual; é melhor, é pior? Não sei; que cada um faça a sua reflexão e tire as conclusões.
João Otavio Macedo