Começa a tomar corpo, entre correligionários bem próximos do senador Otto Alencar, um movimento para que o parlamentar tenha uma conversa com o governador Rui Costa sobre a sucessão de 2022.
Otto quer disputar o comando do cobiçado Palácio de Ondina com o apoio do PT e de suas principais lideranças.
O que os otistas querem é que o chefe do Executivo, que é pré-candidato a um segundo mandato, via instituto da reeleição, se comprometa em apoiar Otto no processo sucessório de 2022.
O senador, que é o presidente estadual do PSD, legenda que integra a base aliada do governo Temer, é peça importante para a permanência de Rui no cargo.
Resultados de recentes pesquisas de intenções de voto, dando a dianteira ao prefeito soteropolitano ACM Neto, do Partido do Democratas (DEM), fortalecem a iniciativa dos otistas.
Se tem um político que Rui não pode se atritar, sob pena de sair derrotado da eleição, é o senador Otto Alencar, que já foi carlista e governador da Bahia.
Essa dependência política de Rui com Otto termina reforçando a contrapartida em relação a sucessão de 2022. Ou seja, sem o apoio do senador, Rui não se reelege. Conditio sine qua non.
O problema maior não é o governador, que até toparia o acordo. A pulga atrás da orelha é o PT, é confiar no PT. O PT que adora receber apoio e detesta apoiar.
Outro detalhe é Lula. O PT acha que o petista-mor vai disputar a eleição presidencial sob a proteção de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal – STF.
E como os petistas acreditam em uma vitória de Lula, já pensam no Palácio de Ondina na sucessão de 2022, obviamente com um nome do partido, que pode ser Jaques Wagner.
Concluo dizendo que, se depender do petismo, o sonho do senador Otto Alencar de voltar a governar a Bahia não vai passar de um grande pesadelo.
O DEM de Itabuna
Muitas pessoas, principalmente alguns comentaristas políticos, estão questionando sobre a demora na composição da nova diretoria do DEM de Itabuna.
Depois que Maria Alice, fiel escudeira de Fernando Gomes, saiu do comando do Partido do Democratas, a legenda ficou sem rumo, sem porta-voz.
O prefeito ACM Neto, sem dúvida uma das maiores lideranças do DEM nacional, sabe que é preciso resolver, o mais rápido possível, essa pendência.
O alcaide soteropolitano, no entanto, está na base do “todo cuidado é pouco”. Ou seja, tem muitos pretendentes que não são confiáveis.
Dois já foram descartados. Um até continua sonhando em ser prefeito de Itabuna com o apoio de Fernando Gomes, que já tem candidato em caso de uma nova eleição.
É evidente que o DEM não pode ficar sem uma comissão provisória em uma cidade do porte e da importância eleitoral de Itabuna.
Mas é melhor a demora do que o açodamento, correr o risco de colocar no comando do partido uma pessoa que pode ter uma recaída ao fernandismo.
No início do imbróglio, que teve como causa principal a preferência de ACM Neto pelo então prefeiturável Augusto Castro (PSDB), houve várias tentativas para solucionar o pega-pega.
ACM Neto não quer nem ouvir falar de Fernando Gomes. Evita até citar seu nome nas conversas políticas. Tem dito que o ex-correligionário é uma página virada.
O prefeito Fernando Gomes é Rui Costa. Somente Rui Costa. Já disse que não vota mais em ninguém do PT, nem em Jaques Wagner para o Senado da República.
Temer, o Legislativo e a oposição
O futuro do governo Temer e do político Michel Temer tem duas vigas de sustentação: a economia e o relacionamento com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Uma melhora nos índices econômicos, com repercussão no dia a dia do cidadão-eleitor-contribuinte, pode diminuir a gigantesca impopularidade do ex-vice-presidente de Dilma Rousseff.
O PMDB, legenda de Temer, nem contesta as pesquisas da oposição, já que as encomendadas pelo Palácio do Planalto apontam uma rejeição ainda maior.
Em relação a Maia, o peemedebista-mor teve a sorte de não ter um Eduardo Cunha no comando da Casa Legislativa. Outro detalhe é que Temer não tem um vice como Temer.
Enquanto a então presidente petista elogiava o seu vice, dizendo que era 100% confiável, o “companheiro” a apunhalava pelas costas e articulava o impeachment.
Nos bastidores palacianos, a conversa é que Rodrigo Maia não tem coragem de peitar o governo. Chegam até a insinuar que é um “meninão”.
O governo se aproveita da elogiável conduta institucional de Maia, que vem tendo um comportamento responsável diante da indispensável harmonia entre os Poderes, para diminuí-lo.
O mais recente fato que comprova o desrespeito e o desdém do governo com o presidente da Câmara diz respeito a reforma trabalhista.
Maia avisou ao presidente Temer que qualquer alteração em pontos da reforma trabalhista deveria ser por projeto de lei. No outro dia, Temer sapecou uma medida provisória.
Se o comandante do Legislativo fosse um tal de Eduardo Cunha, já teria ameaçado Temer com os 24 pedidos de impeachment protocolados na Casa.
Esse Temer é mesmo um cara de sorte, até o povo sumiu das ruas.
Temer e o tucanato
O presidente Michel Temer vai tentar convencer o PSDB para não debandar da base aliada. Os tucanos vão decidir, ainda em 2017, se permanecem ou não no governo.
O tucanato está dividido entre a turma de Aécio Neves, que quer a legenda apoiando Temer, e os seguidores de FHC que advogam o distanciamento.
Os tucanos-temistas usam o argumento de que a economia caminha para uma considerável melhora, que em 2018 a impopularidade de Temer não vai ser tão gigantesca.
Os rebeldes, os chamados “cabeças pretas”, querem o imediato rompimento. Temem em não se reelegerem em decorrência da alta rejeição popular ao governo.
Que a economia apresenta uma pequena melhora, não há nenhuma dúvida. Mas os resultados ainda são insuficientes para promover alterações significativas nas pesquisas de opinião.
Como a impopularidade maior e mais aguda é no povão, o presidente já estuda medidas populares que atingem em cheio essa fatia do eleitorado.
O programa Bolsa Família terá aumento acima da inflação em 2018. O programa que disponibiliza diversos medicamentos gratuitamente será ampliado para mais de mil municípios.
O peemedebista-mor acredita que o PSDB não vai abandoná-lo depois de usufruir tão intensamente das benesses do poder com ministérios e vários cargos no segundo e terceiro escalões.
Se fugir do governo Temer, o PSDB, partido do vai-não-vai, do fica e não fica, sempre indeciso, terá dificuldades para se formatar na sucessão presidencial.
O DEM, por exemplo, não vai aceitar novamente ser coadjuvante do PSDB. Os democratas vão se espelhar no PCdoB e lançar candidatura própria.
O tiro de deixar o governo Temer pode sair pela culatra. Vale ressaltar que mais de 70% do eleitorado do PSDB são simpatizantes do governo Temer.
PDT
O médico Antônio Mangabeira, presidente do PDT de Itabuna, tem evitado comentar o julgamento do TSE que vai decidir sobre a realização ou não de uma nova eleição.
Independente do resultado, já se programou para fazer suas visitas nos bairros agradecendo a votação que obteve na sucessão municipal.
Sua pré-candidatura a deputado federal fica na espera do que vai ocorrer na instância máxima da Justiça Eleitoral. Se houver um novo pleito, o pedetista não disputará uma vaga no Parlamento.
Alguns dirigentes de diretórios municipais e comissões provisórias do PDT, mais especificamente do sul da Bahia, têm conversado com o ex-candidato a prefeito.
Em caso de uma nova disputa para comandar o Centro Administrativo Firmino Alves, Mangabeira é candidatíssimo. Dois ex-prefeituráveis podem apoiá-lo.