Pareceu confuso o tema da nossa coluna desta semana, não é, meu amado leitor? Mas, repare, você já parou para pensar em quantas coisas precisou perder para ganhar? Vou explicar o raciocínio, pegue sua xícara de chá e me acompanhe.
A vida é uma caixinha de surpresas que possui movimentos próprios. A gente passa muito tempo achando que pode controlar tudo, que sabe de tudo, que sabe exatamente por quais caminhos seguir e o que encontrará lá na frente, tudo em linha reta. Acreditamos que nosso tempo é ilimitado, que temos todo o tempo do mundo. Não temos!
A vida, essa caixinha de surpresas, passa rápido e adora nos chamar para a verdade e realidade do que realmente importa. A vida quer da gente movimento em direção ao mais: mais amor, mais pertencimento, mais força, mais vida! Como disse Guimarães Rosa: o que ela quer da gente é coragem.
E a coragem entra neste contexto, meu amado ser de amor que lê estas linhas aí do outro lado, nos fazendo perceber que, muitas vezes, é preciso dar um passo para trás e ganhar força para caminhar três à frente.
Perder para ganhar. Isso vale para tudo em nossa vida. Se a gente deseja um relacionamento amoroso maduro, consistente e com alicerces, precisamos abrir mão de querer ter sempre razão na base da agressividade, precisamos abrir mão das inúmeras possibilidades para decidir se dedicar, diariamente, à construção de algo a dois. Para a gente ganhar uma relação afetiva madura e real, precisamos perder as idealizações infantis.
Para a gente ganhar relações mais saudáveis, a gente precisa perder o orgulho que não leva a lugar nenhum, apenas distancia. Para a gente ganhar relações que aquecem o coração, a gente precisa perder o desejo de que as coisas sejam somente do nosso jeito, com as nossas regras. Para a gente ganhar relações frutíferas, a gente precisa perder o medo de olhar para as nossas próprias ervas daninhas.
Perder aqui para ganhar lá na frente. E a gente sempre sabe o que precisa perder para ganhar. Nosso coração grita ao pé dos nossos ouvidos nos apontando a direção, o caminho. Mas a gente tem medo! Passamos tanto tempo nos apoiando nas muletas do orgulho, da arrogância, da agressividade, do parecer forte, do ter todas as respostas que a gente já não sabe mais como é viver sem elas. E convido Clarice Lispector para essa nossa prosa: nunca se sabe qual o defeito que sustenta o edifício inteiro. Mas a gente sempre sabe que precisa começar a caminhada, que a estrutura do edifício está precisando de uma reforma.
A vida quer que a gente se movimente, meu amado leitor! Ela quer sentir da gente o desejo pela mudança, saber que estamos dando os passos necessários para vivermos mais presentes, mais leves, mais inteiros. A vida é uma delícia! E a gente não precisa viver se apoiando em muletas uma vida inteira.
Há muito para se ganhar! Há vida para ser vivida! Há amor para ser sentido, compartilhado e multiplicado!
É necessário perder para ganhar. Perder o orgulho, o controle, o medo da vida e de sentir para ganhar uma vida com mais sentido, com relações nutridoras e mais abundância em todos os sentidos.
O que você precisa perder para ganhar?