O governador Rui Costa (PT) ainda não tomou uma posição, pelo menos de público, sobre o pleito de 2022, se vai disputar um cargo eletivo ou permanecer no Palácio de Ondina até o último dia de governo.
Se dependesse exclusivamente da sua vontade, o mandatário maior da Bahia faria parte da majoritária governista como candidato a senador, obviamente com Jaques Wagner encabeçando a chapa. O problema é o lulopetismo, que quer o governador cumprindo a integralidade do mandato.
A cúpula nacional do PT, sob a orientação do ex-presidente Lula, no manda quem pode, obedece quem tem juízo, tem como argumento para que o governador fique fora da eleição de 2022, a falta de confiança no vice-governador João Leão, que, com a desincompatibilização de Rui, passaria a ser seu substituto imediato.
O fato de João Leão ser do PP, inclusive presidente estadual da legenda, faz a desconfiança aumentar ainda mais. Vale lembrar que PP, PL e PTB são as legendas mais importantes da base de sustentação política do governo bolsonariano. É dado como favas contadas o apoio dessas três siglas à reeleição de Bolsonaro.
Leão, que não é nenhum “leão” bobo, desdentado, sem força e em constante estado de sonolência, sabe de tudo. A possibilidade do Progressista ficar com Wagner na sucessão estadual é zero. E ficar do lado de Lula, na eleição presidencial, é de dois zeros.
Todo esse, digamos, teatro pré-eleitoral, com muito cinismo e tapeação, tem um prazo limite. O teatro vai continuar em 2021. Em 2022, começa a desmoronar. Os traídos, quase sempre apunhalados pelas costas, vão conhecer os traidores.
Sobre o senador Otto Alencar (PSD), iniciei o comentário de ontem, terça (6), fazendo três indagações: 1) E Otto Alencar, como fica diante da sabedoria do lulopetismo? 2) Vai aceitar ser vice de Wagner? 3) Otto seguiria os passos de Lídice da Mata (PSB), sempre dando ok ao PT? Finalizei dizendo que ser vice de Wagner é muito pequeno para Otto.
Voltando ao dilema de Rui Costa, tem até gente graúda do lulopetismo querendo que o governador saia candidato a deputado federal para eleger uma bancada forte e, como consequência, maior tempo no horário eleitoral e mais dinheiro público para a legenda, via fundo eleitoral, mais especificamente.
Para amenizar uma possível rebeldia de Rui, mesmo que só para si, conversando com seus próprios botões, o lulopetismo já começa a dizer que o governador da Bahia vai ocupar um importante ministério no já eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse “já eleito” é da ala do PT que considera o terceiro mandato de Lula como certo.
Ainda é muito cedo para qualquer opinião mais sólida sobre o futuro político de Rui Costa.