RUI COSTA, PT E A SUCESSÃO DE BOLSONARO


Articulista Marco Wense comenta a pré-candidatura de Rui Costa à Presidência


 

Não vou ser tão duro com o PT como foi o então candidato a senador Cid Gomes (PDT) ao se dirigir a um militante petista: “Lula tá preso, babaca!”, disse o irmão de Ciro Gomes, presidenciável da legenda brizolista.

Rui Costa

Ora, o governador Rui Costa acaba de dizer a mesma coisa, só que de outra maneira, digamos, mais elegante, quando declara que “a bandeira Lula Livre não deve ser condicional para que o PT forme alianças com partidos”.

Certo o chefe do Palácio de Ondina. Querer impor um problema interno do PT como pauta para uma conversa com outras legendas é inadmissível. Ora, ora, quem pariu “Matheus” que balance, que o movimento “Lula Livre” fique restrito ao Partido dos Trabalhadores, que a legenda descasque o abacaxi com sua própria faca.

Ao admitir que o PT deveria apoiar Ciro Gomes em 2018, logo no primeiro turno, Rui Costa concorda que a vitória de Bolsonaro se deu por culpa da candidatura de Fernando Haddad, considerado um dos piores prefeitos da história de São Paulo e tido como o “poste” da sucessão presidencial.

Ao dizer que se encontra disponível para uma pré-candidatura à presidência da República, Rui Costa joga na sarjeta a elegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva e provoca a ira de alguns companheiros, entre eles o deputado Paulo Pimentel, líder do PT na Câmara. Ao saber da declaração do petista-mor da Bahia, Pimentel disse que “o candidato do PT é Lula, é com ele que vamos vencer as eleições e repactuar o Brasil”.

Para não deixar a inerente soberba de lado, Pimentel desprezou todas as outras lideranças do campo de esquerda e centro esquerda: “Não vejo outro nome melhor para unir o País em um projeto de soberania, inclusão social e democracia”. Pois é. O PT continua o mesmo, se achando e achando que todos são imbecis.

O governador Rui Costa também mandou um recado para a soberba do PT, do petismo intransigente, cego e até irresponsável, o PT cabo eleitoral de Bolsonaro. Ao próprio Lula, Rui disse que “os partidos deveriam deixar a vaidade de lado. Se cada um quiser se colocar um degrau acima, não vamos conseguir pensar um projeto de país”.

Quem deve ter ficado tiririca da vida com Rui Costa se lançando pré-candidato, foi Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, que ainda sonha com a possibilidade de ser a candidata da legenda com o aval e o endosso de Lula, que mesmo preso é quem dita o caminho do PT. É evidente que o sonho de Hoffmann não passa de um grande e hilariante pesadelo.

O PT, pelo andar da carruagem, se colocando acima de tudo e de todos, inclusive da lei, sem fazer nenhuma reflexão dos seus graves erros, principalmente no campo moral, vai terminar sozinho.

Ou o PT calça as sandálias da humildade ou tende a ficar isolado. Que o petismo mais lúcido ouça os conselhos do governador Rui Costa.