Voluntários católicos matam fome de milhares de desabrigados em Itabuna


De Ferradas à Vila da Paz, chegam refeições preparadas com alimentos doados


Homens e mulheres dedicados a preparar refeições para desabrigados e desalojados, numa legítima enchente de solidariedade

Uma verdadeira enchente de solidariedade segue banhando Itabuna, desde que as águas do Rio Cachoeira transbordaram até ruas, avenidas, residências, estabelecimentos comerciais. Para nossos aplausos, um dos exemplos é a oferta de refeições feita por integrantes da Comunidade São João Batista, ligada à igreja do bairro Nossa Senhora de Fátima.

A professora Wildes Alvarenga, uma voz do Coral Canto Divino, que anima as missas naquele templo, lembrou ao Diário Bahia que a entrega das refeições beneficiou cerca de 2.600 pessoas no dia da enchente. Desde então, o trabalho não parou e já contabiliza mais de 17 mil quentinhas entregues. “Hoje a gente está em torno de 1.300 a 1.500 fornecidas [por dia]”.

Ela também contou como ocorre o preparo e a forma como adquirem os alimentos. “A gente prepara as marmitas e os voluntários, líderes comunitários, sinalizam quantas pessoas precisam e para onde levar. As comunidades que a gente atende são de bairros os mais variados. Porque como o rio corre a cidade inteira, de Ferradas até cá embaixo, a Vila Vital e a Vila da Paz, a gente tem desabrigados. As marmitas chegam na Bananeira, no Gogó da Ema, nas casinhas da Ceplac, já seguiram pro Salobrinho, Itamaracá, Mangabinha, Burundanga, Jaçanã…”, mapeia.

Até aqui, a ação solidária já atendeu mais de 17 mil pessoas; e o trabalho vai continuar enquanto houver demanda

(A)braços de solidariedade

O preparo das refeições no Centro de Pastoral da igreja envolve uma equipe que se reveza, embora muitos já estejam se afastando para retornar aos seus respectivos trabalhos. “O voluntariado é a nossa maior fragilidade hoje. Mas a gente já chegou à média de umas 500 pessoas desde o dia 26 [de dezembro] até o dia de hoje”, calcula a professora.

Lembrando que o trabalho tem 100 por cento de apoio do padre Nicolau Klak, ela revela a necessidade de doações de materiais, como macarrão, arroz, molho pronto, soja, óleo e calabresa. “Nosso maior peso é a calabresa, porque a gente serve uma quentinha seca pra não haver derrame, não haver sujeira”, explica.

Por fim, fala da alegria pela aceitação ao trabalho que o grupo vem realizando. “Pretendemos continuar até enquanto houver demanda. Quem está conseguindo voltar para casa está encontrando uma situação de pavor, as casas estão sujas, muita lama, mau cheiro e aí está praticamente sem condições de habitar aquele espaço antes de uma reforma, não é? Enquanto esse pessoal necessitar de comida pronta, a gente vai estar aqui servindo, viu?”, assegura.

Gratidão é uma palavra evidente na conversa com a professora Wildes, a quem entrevistamos via WhatsApp. “As ajudas estão chegando de todos os lados, eu quero agradecer aos voluntários, a quem está contribuindo com a gente. Se puderem continuar, a gente também agradece. Porque a gente não tem uma data pra dizer quando esse trabalho vai terminar. Que Deus abençoe a todos”, completa.

A propósito, quem deseja colaborar com a causa pode doar via PIX (73 988462693 – Wildes de Jesus Alvarenga) ou doar alimentos no Centro de Pastoral da igreja de Fátima.