Aids em Itabuna: número alto de casos e jovens vulneráveis


Presidente do Gapa analisa cenário; campanhas de conscientização são frequentes


Suse Mayre Moreira, presidente do Gapa

Como neste sábado (1º) transcorre o Dia Mundial de Luta contra a Aids, é tempo de analisar o cenário da doença, também, em Itabuna. Os números deste ano, divulgados pelo CERPAT (Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento), mostram que foram detectados 203 novos casos da doença em 2018.

A presidente do Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção da Aids), Suse Mayre Moreira, ressalta que os jovens estão mais vulneráveis, porque vêm se descuidando mais. “Antigamente havia um maior temor em relação à doença. Acreditamos que isso se deva ao fato de que muita gente não presenciou as mortes ocorridas no início da epidemia, pois com o avanço do tratamento as pessoas com HIV/AIDS passaram a ter uma melhor qualidade de vida e hoje só morre de Aids quem não faz adesão ao tratamento”, avalia.

Segundo ela, esse é um dos motivos pelos quais são realizadas campanhas que alertam sobre a importância do uso do preservativo, principalmente entre a população jovem, que vem sendo o público mais afetado. “É importante que sejam realizadas ações permanentes que proporcionem uma discussão sobre vulnerabilidade, para que, dessa forma, os jovens possam se perceber como vulneráveis”, explica.

Prevenção e tratamento

A Aids hoje é vista como uma doença crônica, pois o tempo de vida aumentou muito com o avanço do tratamento. Por outro lado, ressalva Suse Mayre, “a divulgação em relação à qualidade do tratamento pode fazer com que as pessoas se cuidem menos”.

Ela argumenta que hoje, para que o trabalho de prevenção seja efetivo, não podemos falar apenas de que tem que usar preservativos; é preciso abordar a prevenção combinada. “A prevenção combinada consiste, além das campanhas de incentivo ao uso do preservativo masculino e feminino, levar informações sobre as outras tecnologias de prevenção, como PEP- Profilaxia Pós-Exposição e PrEP- Profilaxia Pré-Exposição, que envolve o uso dos antirretrovirais antes ou depois do ato sexual”, detalha.

Em relação às pessoas vivendo com HIV/Aids, a presidente da Gapa diz que ainda se percebe certo  preconceito e estigmatização por parte da população. Além disso, de forma geral, as pessoas não se veem como vulneráveis.

O tratamento dos pacientes soropositivos é realizado pelo CERPAT, que deve oferecer assistência integral aos pacientes. Eles contam com atendimentos médico, psicológico, de assistência social, de fisioterapia e de enfermagem. No local, a pessoa retira mensalmente todos os antirretrovirais, além de realizar os exames de acompanhamento de CD4 e Carga viral que faz o monitoramento do tratamento.