Hoje



Faça você mesmo o que é preciso ser feito. Não espere que seus desejos se realizem por intermédio dos outros, nem os culpe ou os glorifique por isso. Apenas a sua decisão, seja ela positiva ou negativa, pode fazer a diferença, hoje.

Não devemos ficar parados. Mas se estamos parados, por qualquer motivo, e pretendemos, sinceramente, mudar isso, resta-nos tão-somente decidir e agir nessa direção, hoje. Se, no entanto, preferimos continuar sem nada fazer, suponho que talvez por isso, “envelheceremos” muito mais rápido, em nossas breves vidas, do que se tivéssemos optado pela ação da mudança sincera e positiva, realizada agora, hoje. O mais terrível de ter que agir é que a escolha é sempre nossa.

Decidindo ou não se vale a pena investir em nossos desejos, a vida sempre continua e continuará. Uma atitude nova ou renovada, quando positiva, a princípio, interferirá diretamente em nossas próprias vidas, mas, logo em seguida, como uma onda, se propagará em direção às outras vidas com as quais nós compartilhamos, direta ou indiretamente, as nossas vidas nesse mundo, hoje.

E se essas outras vidas que compõem o nosso universo (perceptível ou não) se propuserem também elas a realizar uma atitude transformadora para melhor em suas próprias vidas; formaremos então uma corrente forte e prática, para que possamos seguir nossas jornadas, convivendo mais harmoniosamente, até quando for possível, ou até que outras atitudes boas e renovadoras sejam decididas por nós, a fim de que possamos, todos juntos, vencermos a novas dificuldades que virão nos desafiar.

Não há ninguém marcando numa fichinha especial quantas vezes nós erramos ou deixamos de agir positivamente (exceto nós mesmos, claro!), por isso, calma: primeiro porque nós só nos tornamos especiais para alguém se nos sentimos especiais e segundo porque, mais cedo ou mais tarde, nós encontraremos a hora certa de decidirmos, de agirmos e de nos renovarmos. Caso não encontremos aquela hora, ou mesmo se acreditamos que não precisamos renovar ou mudar nada em nossas vidas, tudo bem: a vida não vai acabar por nossa causa!

Tudo que fazemos negativamente, afeta, num primeiro instante, nossas vidas. Mas depois provocará consequencias desastrosas sobre as vidas de outras pessoas do mesmo modo. Se há, digamos assim, uma “corrente do bem”, que pode ser forte e prática, há por outro lado, digamos assim, uma “camisa-de-força do mal”, que pode nos imobilizar para que não façamos o que é preciso ser feito, por exemplo: tornar a solidariedade um gesto comum e cotidiano, presente em todos os momentos de nossas vidas e não apenas naquelas datas específicas, e/ou comemorativas.

É muito comum – e muito chato também – que na virada de um ano para o outro (considerando-se, claro, que o tempo seja esse dos calendários, em que há um começo e um fim) que algumas avaliações, retrospectivas, considerações sejam feitas e muitas promessas de mudanças acompanhem, paralelamente, esses “balanços da vida”. Quase sempre enumeramos coisas que gostaríamos de mudar ou fazer de outra maneira. É quando surgem aquelas promessas que se afirmam quase como decretos: este ano vou começar a dieta, o pilates, a ioga, as leituras deixadas pra depois, e etcetera. Bobagens! Para agirmos o que é preciso é agir. Para sermos solidários, não são necessárias promessas… Basta que sejamos solidários!

O grande poeta português, Fernando Pessoa (1888/1935) nos ensinou, nos seus versos “Hoje Tomei a Decisão de Ser”: “… Hoje só me quero tal qual meu caráter nato quer que eu seja; e meu Gênio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser. Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou… Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci.”

Agora, hoje, é a hora de aproveitarmos a oportunidade do nascimento para vivermos…

 

Cláudio Zumaeta – Historiador graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Ilhéus – BA)  Administrador de Empresas graduado pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL, Salvador – BA). Especialista em História do Brasil (UESC, Ilhéus – BA). Mestrando em História Regional e Local (UNEB Campus V, Santo Antonio de Jesus. Membro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL).