Fernando Gomes, cinco vezes prefeito de Itabuna, desistiu de disputar o sexto mandato, não só em decorrência da idade como do alto índice de rejeição apontado em todas as pesquisas de intenções de voto.
Como não bastassem esses dois obstáculos, politicamente falando, para não ser maldosamente interpretado pelos incendiários de plantão, tem o gigantesco sentimento de mudança que toma conta de mais de 65% do eleitorado, dispostos a não votar em quem já governou a cidade, o que termina atingindo ex-prefeitos que querem retornar ao comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves.
Qual o prefeiturável mais prejudicado com a desistência de Fernando Gomes? Essa é a pergunta que começa a ser feita não só nos bastidores, longe dos holofotes, como também nas conversas sobre o pleito de 2020, já adiado para 15 de novembro.
Como o espaço é limitado, citaremos somente cinco pré-candidatos. Os três primeiros na ordem de posição nas pesquisas: Mangabeira (PDT), Azevedo (PL) e Augusto Castro (PSD). Os outros dois são Geraldo Simões e Son Gomes, respectivamente pelo PT e Republicanos.
Son Gomes – Sem dúvida, o mais beneficiado com a decisão de FG. O ex-secretário de Administração realiza seu sonho: ser candidato a prefeito de Itabuna. Contra sua legítima e democrática pretensão, o fato de que o tio tem um histórico de não transferir votos, não é um bom cabo eleitoral.
Geraldo Simões – A proximidade do governador Rui Costa com o prefeito Fernando Gomes, não só institucional como política, se transformando em um aliado de primeira hora, como se fosse de carteirinha, tirou o protagonismo do ex-alcaide na oposição ao fernandismo. Geraldo, para não contrariar o chefe do Palácio de Ondina, passou um bom tempo sem fazer uma crítica ao governo do atual gestor. O casamento entre Rui e Fernando, que Geraldo dizia que era de “cobra com jacaré”, terminou dando certo. A desistência de Fernando se tornou algo irrelevante para Geraldo. O leite, que foi seu silêncio diante do governo, já foi derramado. O ping-pong acabou.
Azevedo – O staff de Fernando Gomes diz que o capitão não teria sucesso na carreira política se não fosse seu criador político. Depois de Son Gomes é o que mais lucrou com a desistência do alcaide, já que pode herdar uma boa quantidade de votos do fernandismo. O eleitorado de Azevedo é o mesmo de Fernando. Ambos são políticos que representam o populismo. São herdeiros do alcantismo.
Augusto Castro – Ficou no tanto faz, tanto fez. Ou seja, Fernando fora ou dentro da disputa não faz nenhuma diferença para o prefeiturável do PSD, que a depender do andar da carruagem pode até ter o apoio do governador Rui Costa, o petista-mor da Bahia. O ex-deputado estadual pelo tucanato (PSDB) é um político que evita o confronto, não tem sangue nos olhos. E por falar em Augusto, pelo qual tenho respeito e carinho, o lado engraçado é vereador-prefeiturável, que se encontra nas últimas colocações nas pesquisas, sonhar com Castro compondo a majoritária como vice. É muita ousadia ou ingenuidade política.
Mangabeira – É quem vem fazendo oposição ao governo municipal desde que saiu candidato a prefeito em 2016. Não parou um segundo. O pedetista representa o autêntico antifernandismo. É só perguntar para o prefeito Fernando Gomes quem ele quer derrotar. No editorial de 9 de julho de 2019, portanto a quase um ano atrás, eu comentei, ipsis litteris: “Mangabeira vai ser o protagonista do antifernandismo, assim como foi o então presidenciável Jair Messias Bolsonaro com o antipetismo, que continua firme e enraizado. O médico oncologista será o portador do chamado “voto útil” se Fernando Gomes sair candidato, já que passa a ser o prefeiturável com reais chances de derrotá-lo”. A maioria dos membros do diretório municipal do PDT, ávida no desejo incontido de enfrentar Fernando Gomes, também assentada no fato de que Itabuna nunca reelegeu um prefeito, não gostou da desistência do alcaide. “O bom era enfrentar a fera nas urnas, ganhar dele no voto”, diz um membro da Executiva do PDT.