Rui Costa e a base aliada


Governador Rui Costa tem uma posição diferente do senador Jaques Wagner


Dialogar com os partidos e suas respectivas lideranças sempre esteve fora da pauta do governador Rui Costa (PT). Para o chefe do Palácio de Ondina é um tormento ficar conversando com os senhores dirigentes partidários.

Rui, nesse específico ponto, é o inverso do senador Jaques Wagner, que é tido como um bom articulador político até pelos adversários. Wagner, além de gostar do contato com os políticos, tem paciência, “fica rouco de tanto ouvir”, como dizia o saudoso jornalista Eduardo Anunciação.

A queixa em relação a frieza do governador, sua falta de atenção com as legendas que lhe dão sustentação política, é generalizada. A opinião de que o petista-mor da Bahia precisa dar mais atenção a seus apoiadores é unânime.

Vejamos como exemplo, só para ficar no mais recente, a declaração do ex-deputado federal José Carlos Araújo, presidente estadual do PL. O ex-parlamentar passou mais de 365 dias tentando um encontro com o governador para falar sobre a sucessão de ACM Neto. Não conseguiu.

“Procuramos o governador há mais de um ano para discutir a candidatura de Lázaro. Pedi interferência de Otto Alencar, mas o governador não se sensibilizou e não me recebeu. Agora entendo que perdemos o timing”, disse Araújo.

Siglas da base aliada começam a dizer que uma provável vitória de Bruno Reis (DEM) na disputa pelo comando do cobiçado Palácio Thomé de Souza, liquidando a fatura logo no primeiro turno, vai ser por culpa do governador, que deixou o processo sucessório à deriva, fugindo totalmente do seu controle.

Parece que agora, depois de um longo isolamento político, de um desdém com os aliados, a articulação do governo tomou para si a iniciativa de não deixar que a movimentação na base aliada fique descontrolada, no salve-se quem puder. O tempo, no entanto, é curto. Os erros foram muitos e, como consequência, sequelas de difícil reversão. O comandante do PL definiu bem a situação ao comparar Rui a um técnico que tenta ganhar o jogo aos 45 da etapa final.

Na capital, o staff do governador tem pela frente a missão de remover algumas pré-candidaturas já lançadas, deixando apenas dois ou três postulantes. No interior, mais especificamente nos grandes colégios eleitorais, pesquisas de intenções de voto estão em andamento, visando detectar os prefeituráveis da base aliada com mais chances de derrotar o adversário melhor colocado nas consultas.

Em Itabuna, as enquetes estão sendo feitas com os nomes dos pré-candidatos Geraldo Simões, Capitão Azevedo, Vane do Renascer e Augusto Castro, respectivamente pelo PT, PL, PROS e PSD. O objetivo é saber quem tem mais possibilidade de enfrentar o médico Antônio Mangabeira. O petismo vai fazer de tudo para que o pré-candidato do PDT não seja o próximo prefeito de Itabuna. É um por todos e todos contra Mangabeira.

Ainda há um denso nevoeiro envolvendo a sucessão de Itabuna. Na medida que se aproxima as convenções partidárias, o cenário vai ficando mais transparente.

PS – O slogan “NO MEU VOTO MANDO EU”, que ajudou a eleger Geraldo Simões pela segunda vez para o comando da prefeitura de Itabuna, pode se encaixar perfeitamente na campanha de Mangabeira.