Por Celina Santos
A menos de três meses das eleições, segue crescente o cenário de desentendimentos e até conflitos que põem instituições em campo de defesa. Este foi um dos assuntos que o Diário Bahia abordou com o ex-deputado estadual Renato Costa. Filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro), ele foi indagado sobre como vê nossa democracia diante de ânimos tão exaltados.
“Vejo com grande preocupação. Temos um país com a economia em frangalhos, temos grandes problemas, um grande desafio, estamos precisando de um estadista. O atual presidente não está conduzindo o Brasil no caminho devido. Discordamos não somente da política, como também do comportamento. O ´bolsonarismo’ não é uma ideologia política; é uma forma de ser. Não tenho nenhuma identificação com a forma como vem conduzindo o país”, disparou.
Dr. Renato comentou sobre a polarização que está prevista, apesar de haver vários candidatos. Reconhecendo haver chances reais nos dois lados em caso de um segundo turno, ele menciona as várias possibilidades que lhe trazem inquietação.
“São vários cenários: um pode ser que o Lula ganhe, outro que o Bolsonaro ganhe, outro é um golpe de estado, que ele vem sonhando com uma ditatura. Também será desastroso para o país. Então, o país está dividido e isso é péssimo; precisa realmente de um estadista que venha conciliar e acabar com esses discursos antigos, precisa melhorar o país, diminuir a desigualdade, esse é o grande problema nosso”, completou.
Para ele, com todas as dificuldades, as instituições (Câmara, Senado, Judiciário e a Presidência) estão funcionando. “E fechar seria desastroso. Um governo autocrático, que feche tudo, acho que vai ser desastroso. Me associo ao pensamento do grande estadista inglês Winston Churchill, que na segunda guerra disse: a democracia é cheia de defeitos, mas até hoje não se inventou uma forma de governo melhor do que ela”.
Integrante da base aliada do prefeito Augusto Castro (PSD), Renato Costa mencionou o apoio à pré-candidatura do correligionário José Alberto Lima Filho a deputado estadual e à reeleição de Lídice da Mata como deputada federal.
Trajetória no PSB
O ex-deputado Renato Costa foi questionado, ainda, sobre o porquê de ter deixado a presidência do PSB. “Havia algumas divergências internas, conflitos aos quais sou pessoalmente oposto, e não me senti mais confortável na presidência do partido. A página do partido deixou transparecer muito ódio e acho que um partido como o PSB não deve usar essas práticas do que há de pior, que é o ódio. Desde janeiro, houve alguns comportamentos inadequados de pessoas filiadas, procurei a presidente estadual Lídice [da Mata], disse que não queria mais continuar, ela me pediu e, na terceira vez, disse que não dava mais”, relatou.
Ele afirmou que irá continuar na sigla e espera que o novo presidente João Carlos Oliveira consiga aplacar divergências internas. “João Carlos é um companheiro antigo, acredito que vai tentar pacificar, porque tem algumas pessoas que não compreendem bem o que é o Partido Socialista Brasileiro. Ele já foi presidente mais de uma vez e acredito que vai conseguir. Espero que a bandeira do ódio seja arriada entre alguns filiados que não têm o comportamento compatível com um partido como o PSB”.