O domingo (16) é dia de “Pedal Outubro Rosa”, com saída da avenida Beira Rio, em Itabuna. Ciclistas amadores ou profissionais incentivam a comunidade a abandonar o sedentarismo, como forma de prevenção contra o câncer. É certo que o mês reforça a importância do autoexame como forma de mulheres identificarem tumores e, assim, buscarem o tratamento precoce. Mas também preocupa o cenário em que elas aparecem com nódulos grandes.
Quem chama atenção para esse problema é Sueli Dias, do Grupo Se Toque. “Ocorrem situações em que o relato da paciente é de que tinha um resultado de mamografia sem qualquer anormalidade e depois de um período relativamente curto, ser constatado um tumor de tamanho relevante, o que nos leva a uma questão que a gestão pública como um todo tem enfrentado, que é acompanhar a qualidade das mamografias e dos laudos”.
Segundo plano
Citando normas que regem o assunto, e dizem respeito ao desempenho do equipamento, as técnicas empregadas e o tamanho das imagens disponibilizadas, ela situa a pandemia para falar da demanda atual e a demanda reprimida para consultas com mastologistas, mamografias, ultrassonografias, biópsias etc.
“Vivemos em 2022 um panorama bastante desafiador: após dois anos de pandemia, período em que a oferta de serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento ficaram em segundo plano, nos deparamos com um aumento do número de mulheres que chegam aos serviços de saúde para fazer diagnóstico e tratamento de câncer; foram muitos os casos em que nódulos detectados pela própria paciente ficaram sem investigação aguardando a pandemia passar”, relata.
Sueli faz referência a obstáculos que mulheres continuam enfrentando para diagnóstico do câncer de mama. “Itabuna é polo de saúde e centraliza equipamentos públicos de diagnóstico e tratamento de câncer. Para aqui são trazidos pacientes de diversos municípios da Bahia. Apesar da evolução dos serviços de saúde, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para realizar o diagnóstico de câncer de mama. Seja por falta de conhecimento em relação aos sinais de alerta e fatores de risco, seja pelo medo de constatar um diagnóstico, seja pela dificuldade de acessar os serviços de saúde”.
Outro ponto mencionado é a dificuldade de deslocamento. “Para quem mora em cidades mais distantes e de pequeno porte, muitas vezes o deslocamento até Itabuna, em busca de consulta especializada, exames de imagem e biópsia, é moroso e implica em várias viagens e gastos que muitas vezes desestimulam quem não entende a importância do cuidado”, reflete.
Câncer no útero
Em relação aos casos de câncer de colo de útero, ela lembra que em Itabuna nos deparamos com mulheres jovens, com menos de 30 anos, realizando tratamento dessa neoplasia. Algumas, inclusive, em cuidados paliativos, em razão da demora no diagnóstico e tratamento.
“São muitas vezes pacientes que passaram longos períodos sem realizar exames preventivos, seja por dificuldade de acesso (para aquelas que moram na zona rural ou em pequenas cidades) ou por medo, vergonha ou falta de tempo. Assim, é um impacto muito grande constatar a morte de mulheres jovens em razão de uma doença evitável ou tratável”, alerta.
Por fim, o Grupo Se Toque observa que continua necessário o esforço para conscientização das pessoas quanto a importância do cuidado. “Estamos ao longo mês desenvolvendo atividades em ambientes onde a população tem maior dificuldade de acesso a informação”.
A entidade fica na Rua Monsenhor Moisés, nº 181, bairro Pontalzinho. Mais informações pelo telefone (73) 98819-1344.