A POLÍTICA E A POBREZA


Inadmissível sacrificar quem recebe um salário mínimo de aposentadoria


O título acima é o mesmo do editorial de número 414, escrito em 10 de novembro de 2019. A seguir alguns trechos do comentário.

“Enquanto os políticos se engalfinham na disputa pelo poder, assentados no maquiavelismo de que os fins justificam os meios, cresce assustadoramente a população que se encontra abaixo da linha de pobreza”.

“Mesmo diante dessa triste realidade, a discussão que toma conta do meio político, a preocupação dos senhores “homens públicos” é com a sucessão presidencial de 2022. O assunto volta à tona com a soltura do ex-presidente Lula, depois de passar 580 dias preso”.

“Os quatros maiores bancos, segundo informações da UOL Notícias, tiveram um aumento de 15%, com ganhos de R$ 59,7 bilhões no ano. O Bradesco foi quem mais lucrou no terceiro trimestre: R$ 5,8 bilhões”.

Em 28 de agosto deste ano, o jornal Estado de São Paulo publicou a seguinte matéria, ipsis litteris: “No primeiro semestre de 2020, marcado pela pandemia, o Bradesco superou o Itaú Unibanco, seu maior rival, e ficou no topo da lista das companhias abertas com os maiores lucros na América Latina. Segundo um levantamento realizado pela Economática, uma empresa de dados financeiros e tecnologia, o Bradesco fechou o semestre com lucro líquido de US$ 1,257 bilhão (R$ 6,888 bilhões), enquanto o Itaú Unibanco, o segundo colocado, teve um ganho de US$ 1,246 bilhão (R$ 6,825 bilhões)”.

Se o governo Bolsonaro quer ter sua própria marca social, dando um outro nome ao Bolsa Família, aumentando o valor do benefício para os mais pobres, os que mais necessitam, tudo bem e parabéns. Mas que tire o dinheiro dos mais abastardos, dos senhores banqueiros, cobrando mais impostos sobre seus exorbitantes lucros.

Inadmissível é querer sacrificar quem recebe um salário mínimo de aposentadoria ou mais um pouco, congelando o benefício por um determinado tempo. Inaceitável é mexer no auxílio-doença, deixando os endinheirados intocáveis, os que podem pagar bons planos de saúde. Escandalosa e desumana é a sugestão de congelar o salário mínimo por dois anos. Ora, ora, que procure outro jeito de reduzir as despesas públicas, diminuindo, por exemplo, as mordomias dos senhores deputados e senadores.

Que se faça tudo para amenizar o sofrimento da camada mais pobre da população. Mas não tirando ainda mais de quem já não aguenta tanta dificuldade no enfrentamento do viver, dos que estão com a corda no pescoço, como diz a sabedoria popular.