Abraço mistura tristeza e indignação em Centro de Cultura fechado há 5 anos


Capitaneado por artistas, ato da sociedade ilustra importância de reforma ser concluída


Para lamento de todos, o Centro de Cultura Adonias Filho tornou-se um “elefante branco” nos últimos anos em Itabuna

Assistir a uma peça no final de semana; ir ao show daquela banda alternativa que vem “bombando” por aqui; ensaiar uns passos de dança numa sala à espera da turma que adora um ritmo. Tudo isso é saudade para os amantes da arte em Itabuna, que encontravam no Centro de Cultura Adonias Filho um espaço para chamar de seu.

O equipamento do governo estadual foi fechado há cinco anos para uma reforma até então não concluída. Por isso, a sociedade organizada convida para um abraço simbólico que traduza o sentimento aqui narrado, a partir das 11 horas de sábado (26), no Jardim do Ó. O ato, cheio de esperança, será embalado por variadas manifestações.

A última previsão de entrega do CCAF era janeiro de 2020, quando seriam completados … dias do início da reforma. Entretanto, possivelmente em função da pandemia (que redirecionou todas as prioridades em nossas vidas) o equipamento não foi entregue à comunidade. Entretanto, até esta sexta-feira já se passaram 919 dias! E agora?

A atriz Camila Santana, integrante do grupo Guilda Cacilda Composições Artísticas, contou ao Diário Bahia sobre a união de pessoas que trabalham com cultura na organização desse ato. “É impossível falar sobre arte em Itabuna sem pensar naquele espaço. Vamos falar sobre a falta de posicionamento do estado, repudiar as reformas não acabadas e celebrar a troca entre os artistas, porque 27 de março foi Dia Mundial do Teatro”.

“Ganha-pão perdido”

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Egnaldo França, a entidade de controle social iniciou diálogo com a secretaria estadual do setor, pouco depois de ele tomar posse, em agosto de 2021. Naquele momento, o intuito era saber qual a perspectiva de ser concluída a referida intervenção.

“Em setembro, uma comissão procurou o diretor do Centro de Cultura, George Lessa, para acompanhar a situação da reforma. “Fizemos uma visita para ele explicar como estava e ele disse que aguardava a licitação de uma empresa que já daria início às obras. O prazo para iniciar era dezembro; não sei por que não começaram. Na segunda-feira, vamos nos reunir com a secretária Arany Santana para saber como está o andamento dessa obra; convidei uma equipe para ir junto comigo”, informa.

Artista e ativista há anos no município, Egnaldo também citou dificuldades que ele acompanha no seu entorno. “Independente de ser presidente do conselho, eu sou artista, ajudo a coordenar um projeto na comunidade do Pedro Jerônimo, onde vejo artistas que dependem daquele espaço também; é o ganha-pão de muita gente que foi perdido nesses cinco anos e é importante que a sociedade esteja em alerta e participe. O diálogo da sociedade civil com o poder público é a melhor forma de se chegar a um denominador comum”, conclama.

O produtor cultural Carlus Silva dispara: “Estamos com um mecanismo de cultura no centro da cidade, onde dormem marginais, pessoas que usam entorpecentes. Se você chegar lá a partir de cinco horas da tarde, vai ver carros particulares, é como se fosse estacionamento. Está servindo só pra essas coisas”.