Outro dia, um conhecido abordou-me sobre algumas ruas do centro de nossa cidade e, além de responder às suas indagações, prometi que escreveria alguns artigos sobre o tema, o que já fiz algumas vezes.
Um fato interessante e que ocorre praticamente em todas as cidades é que, na formação de um novo núcleo habitacional, as pessoas de mais posses constroem suas casas bem próximas ao centro mas, à proporção que a cidade vai crescendo, acabam se mudando para alguns bairros na periferia e para condomínios fechados.
Tenho bem na lembrança as principais ruas de Itabuna, da minha infância e da minha adolescência; já havia o eixo da Cinquentenário, que não tinha esse nome e o seu movimento maior ia da Praça Adami até a Praça Camacã. Tinha calçamento a paralelepípedo somente até a Praça Camacã; essa rua teve alguns nomes, como Rua do Buri, que ia até a Praça Adami; depois rua 7 de setembro até que a partir de 1960, durante os festejos do cinquentenário passou a chamar-se avenida do Cinquentenário. O comércio forte da cidade e a rede bancária, já importante naquela época, ocupavam prédios ao longo da rua. Na antiga rua do Buri também eram realizados os desfiles cívicos, os protestos dos políticos e as festividades como o carnaval e o São João.
A então rua do Buri perdia essa denominação quando alcançava a praça Adami e daí, até a praça Santo Antonio, ora era chamada de Rua da Lama ora de J. J. Seabra. Uma característica interessante dessa rua pequena é que ela era também estreita e essas dimensões foram consertadas nas festas do Cinquentenário. A rua do Buri, para manter a grafia antiga, terminava na praça Santo Antonio e a abertura em direção a Ilhéus, também ocorreu no Cinquentenário.
Quatro outras ruas tinham grande importância no movimento da cidade: a rua do Cemitério, a rua do Lopes, a rua do Quartel Velho e a rua da Laranjeira; vamos explicar os nomes para que o (a) leitor (a) possa entender. A rua do Cemitério tinha essa denominação porque nas imediações da atual catedral de São José funcionou uma necrópole; depois passou a ser chamada de Benjamin Constant até que finalmente passou a ser chamada de Ruffo Galvão.
A rua do Lopes é a atual Avenida Duque de Caxias, que também já foi conhecida como Rua da Garapa; era uma rua eminentemente residencial, com pequeno comércio e alguns artífices.
Deixando a rua do Lopes, chegamos à rua do Quartel Velho, que também já foi conhecida como Rua dos Anjos e, hoje, é a Ruy Barbosa. Nos primeiros quarteirões era mais comercial e, da confluência com a rua Alicio de Queiroz, transformava-se em residencial. Por muitos anos, abrigou a delegacia de polícia e plantão de alguns policiais, daí a denominação de Quartel Velho.
Entre a Beira Rio e a Cinquentenário encontramos a rua Paulino Vieira, que já foi rua dos Sertanejos e rua da Laranjeira; trata-se, no momento, de uma rua praticamente comercial, com poucas residências. Já teve um papel muito importante na história social da cidade quando era na Paulino Vieira, que se localizava o Itabuna Club, palco de festas memoráveis.
E assim fizemos um pequeno passeio pela Itabuna dos anos 40, 50; outros faremos, conforme a necessidade e a oportunidade.