Parece que as lideranças políticas, até mesmo de partidos que têm pré-candidato a prefeito, chegaram a conclusão de que a sucessão de Itabuna caminha para uma disputa entre o médico Antônio Mangabeira (PDT) e o capitão José Azevedo (PL).
O pedetista, que vem fazendo um trabalho de formiguinha, sem muito alarde e oba-oba, como é do seu estilo, já penetra no eleitorado que os azevistas consideram “exclusivo” do militar : o eleitor da periferia, da classe mais pobre. Mangabeira ataca o populismo do ex-alcaide em doses homeopáticas, pela beirada do prato, como diz a sabedoria popular.
O prefeiturável do PDT, que há muito tempo se mantém na dianteira das pesquisas de intenções de voto, continua firme e forte entre os chamados formadores de opinião, no centro e nos bairros mais próximos dele, como Conceição, Pontalzinho, Mangabinha, São Caetano e Califórnia.
Mangabeira, que é suplente de deputado federal, tem o apoio do PSC, Podemos e do PSL, com boas perspectivas de ampliar a coligação com mais três legendas, o que lhe daria um bom e invejável tempo no horário eleitoral. Vale lembrar que no processo sucessório de 2016, o PDT saiu sozinho, com apenas 21 segundos na propaganda eletrônica.
Sobre o já esperado apoio do PP do vice-governador João Leão ao capitão, dois pontos merecem uma maior atenção: 1) o silêncio do diretório municipal da legenda, que tem o empresário Roberto Minas Aço no comando. Até agora não deu as boas-vindas ao novo filiado. 2) a situação do vereador Aldenes Meira, que depois de namorar com o PSB de Renato Costa, terminou casando com o PP.
Sobre o ponto 1, a impressão que ficou é que o comando municipal do PP foi pego de surpresa com a declaração de apoio a Azevedo de cima para baixo, na base do manda quem pode, obedece quem tem juízo. O mandonismo partidário costuma entrar em ação sem dó e piedade.
O ponto 2 diz respeito ao edil Aldenes, que deixou o PCdoB para ser pré-candidato a prefeito pelo PSB. Como sua postulação não obteve sucesso nas hostes do socialismo, correu para o PP, que agora resolveu apoiar Azevedo. Não resta a Aldenes outro caminho que não seja o de tentar permanecer no Legislativo pelo instituto da reeleição.
Quem bem definiu o PP de Itabuna, com uma fina ironia e conhecimento político, foi Thiago Feitosa, filho do também ex-prefeito Geraldo Simões : “O PP de Itabuna tem mostrado grande dinamismo. Primeiro lançou meu querido amigo Eric Júnior. Depois lançou Roberto Minas Aço como candidato. Depois o amigo Aldenes foi anunciado como candidato. Em paralelo, o presidente municipal tem relações com o governo municipal e hoje o vice-governador diz que o partido pode apoiar Azevedo. Vamos aguardar o candidato da próxima semana”.
Se não houver nenhum acidente de percurso, o que é natural no emaranhado jogo político, no movediço e traiçoeiro mundo da política, a polarização entre Mangabeira e Azevedo é dada como favas contadas. De um lado, a mudança, sangue novo no comando do centro administrativo Firmino Alves. Do outro, o já conhecido, o retorno de quem já governou a cidade e não foi reconduzido ao cargo.
Mangabeira versus Azevedo. Sem dúvida, uma boa e acirrada disputa. Se prevalecer o sentimento de mudança, algo em torno de 65% apontado nas enquetes, com o eleitorado dizendo que não vai votar em quem já foi prefeito, a vitória do prefeiturável do PDT pode até ser surpreendente na diferença de votos.