BOLSA RESIDÊNCIA PARA OS “SEM TETO


Conheça o que pensa o articulista Marco Wense sobre a sucessão em Brasília


“Na política tudo é possível”, costumam dizer os políticos, mais especificamente os adeptos do pragmatismo, de que o toma-lá-dá-cá remove qualquer obstáculo.

Nem sempre é assim. É impossível, por exemplo, Chico Alencar sair vitorioso na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados. O candidato do PSOL tem como adversário um tal de Arthur Lira (PP-AL), que busca à reeleição para a Casa mais cobiçada do Poder Legislativo.

Lira, que se considera imbatível, além de ser o protagonista-mor do centrão, tem o apoio de uma enxurrada de partidos, incluindo aí o PT do presidente Lula e o PL do ex-Jair Messias Bolsonaro.

Para tornar a eleição mais fácil, dando uma diferença de votos bem maior do que o esperado, Lira coloca mais um “pirulito” na boca dos parlamentares. Acaba de aumentar o auxílio-moradia de R$ 4.253 para R$ 6.654 mensais. Uma espécie de bolsa residência para os pobres coitados dos “sem teto”.

Alencar, que não é nenhum neófito na política, não é marinheiro de primeira viagem, sabe que a derrota é certa, matematicamente falando 2+2=4. Mas, para colocar ânimo na campanha, fica dizendo que acredita em uma “reversão do quadro”.

O que chama atenção é o silêncio de Guilherme Boulos, sem dúvida a liderança mais expressiva do PSOL, diante da candidatura de Alencar. Sequer uma declaração de apoio, mesmo que desprovida de entusiasmo. O ex-presidenciável da legenda, que esperava ocupar um ministério do novo governo, prefere a opção de não se atritar com o PT, deixando o “companheiro” de legenda a ver navios.

Se a candidatura de Chico Alencar crescesse a ponto de ameaçar o escancarado e inquestionável favoritismo de Lira, outras “bolsas”, auxílios ou qualquer tipo de ajuda viriam à tona.

Está mais fácil achar uma pequenina cabeça de alfinete em um grande palheiro do que o homem do centrão, ex-bolsonarista ferrenho, responsável direto pelo engavetamento de mais de 130 pedidos de impeachment contra o então chefe do Palácio do Planalto, ser derrotado.

Chico Alencar, que já foi filiado ao PT, não perde nada com sua legítima postulação. Ao ser questionado sobre sua candidatura, disse que ela representa a luta contra a “velha tradição política brasileira”.