“Mesmo sem receber, estou vindo trabalhar, pois ao contrário deles, tenho compromisso”. Esta declaração é de uma auxiliar de serviços gerais da área de educação da prefeitura de Buerarema. A mulher, que não quis se identificar, disse ao Diário Bahia que está há três meses com os salários atrasados, mesmo após a Justiça determinar o bloqueio de verbas do município.
Os recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), bloqueados desde o final de outubro, por determinação do juiz Antônio Carlos Maldonado, estão destinados ao pagamento dos salários atrasados, mas segundo Eliane Silva Oliveira, coordenadora da APLB em Buerarema, a própria categoria decidiu por não liberar as verbas para pagamento até que o novo gestor tome posse no próximo dia 1º de janeiro.
“Não confiamos no atual prefeito. Quem garante que ele irá pagar a todos os funcionários. Ele [Guima] pode muito bem pagar a uns e deixar quem participou da greve de fora, porque já vinha existindo uma perseguição enquanto apenas falávamos do problema, imagine depois que participamos do movimento”, explicou Eliane, se referindo à greve de 10 dias e à ocupação do prédio como forma de protesto.
Segundo ela, a folha mensal de pagamento dos servidores da Educação gira em torno de R$ 760 mil. Até o momento, estão bloqueados cerca de R$ 900 mil, que dariam para pagar o mês de outubro. “Ainda ficariam restando novembro, dezembro e o décimo terceiro. O Natal de muitos servidores vai ser muito difícil”, lamentou a professora.
Diretores da APLB já conversaram informalmente com o prefeito eleito, Vinícius Ibrann Dantas. “Ele se mostrou empenhado em nos ajudar. Quando tomar posse, as verbas então serão liberadas e o novo gestor fará o pagamento dos meses que der e verá como quitar o resto da dívida. Esta é a expectativa”, informou Eliana.
Os professores ainda estão trabalhando, uma vez que as aulas na rede municipal de ensino em Buerarema só estão previstas para terminar depois do dia 15 de dezembro. Ao todo, são 352 servidores, dos quais 245 são educadores e os demais são do setor de serviços gerais, todos concursados. De acordo com o sindicato, o funcionalismo da Educação sofre com os atrasos desde em abril. Desde então, as remunerações vêm acontecendo de forma irregular.
