COMEÇO DE UM MELANCÓLICO FIM


O articulista Marco Wense faz uma análise do atual momento do PT


É evidente que nenhum petista, principalmente o que continua cego diante do que passa o Partido dos Trabalhadores, cada vez mais isolado em decorrência de suas próprias posições e comportamento diante do atual cenário político, vai ter a coragem de dizer para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele deve dar um tempo, que faça uma reflexão, que reconheça a necessidade e a imprescindibilidade de renovar, oferecer oportunidade a outros companheiros, que a legenda precisa de uma balançada, de gente nova falando pela sigla, sob pena do petismo e do lulopetismo, duas correntes diferentes dentro do PT, caminhem para um fim melancólico.

O PT vai se transformar em uma agremiação partidária “zumbi” se teimar com sua soberba, se não reconhecer os erros e pedir desculpas pelos vários escândalos de corrupção, alguns deles protagonizados por figuras históricas do partido, como, só para ficar em um exemplo, José Dirceu, o “guerreiro do povo brasileiro”.

Temos hoje dois tipos de isolamento, o social para evitar a proliferação do coronavírus, e o do PT, que ainda conta com o apoio do PCdoB e do PSOL, siglas que integram o campo da esquerda ideológica mais extremista e intransigente.

Vale lembrar que a chamada “Janelas para a Democracia”, movimento que tem como eixo principal a defesa do Estado democrático de direito, assentado nos preceitos constitucionais, excluiu o PT. O grupo é formado pelo PDT, REDE, PV, PSB e o CIDADANIA como o mais novo integrante.

Transportando a análise para Itabuna, aqui no sul da Bahia, em entrevista ao site Políticos do Sul da Bahia, o deputado Rosemberg Pinto, líder do governador Rui Costa no Parlamento estadual, também defende uma renovação. “Me parece que o PT de Itabuna fez a opção de não participar da política. Internamente tem um entendimento pelo nome de Geraldo Simões, mas não sinto na prática essa movimentação, me parece que fazemos uma opção em sair da política de Itabuna”, diz Rosemberg. Finalizou com outra alfinetada nos “companheiros”: “Eu lamento muito por chegarmos a essa situação. Não consigo enxergar a candidatura do PT dialogando com a sociedade de Itabuna”.

Pois é. A teimosia do PT em não querer calçar as sandálias da humildade, insistindo no personalismo ao “Deus Lula”, termina se ramificando nacionalmente, criando obstáculos para a legenda no processo sucessório municipal.

Até o senador Jaques Wagner, que o ex-presidente Lula tanto admira e elogia, vem fazendo críticas a atuação da cúpula nacional, sob o comando de Gleisi Hoffamann, e ao próprio petista-mor. Sem falar que o chefe do Palácio de Ondina, Rui Costa, cria política de Wagner, já pensou em deixar o PT em duas oportunidades.

Ou o Partido dos Trabalhadores fica mais humilde, reconhecendo que o tempo de Lula já passou, ou vai ser enterrado na mesma cova do seu líder maior.

O fim do PT caminha para ser melancólico.