O prefeito Fernando Gomes concedeu, nesta quinta-feira (27), uma entrevista à TV Santa Cruz, onde respondeu sobre assuntos delicados da gestão – e outros tantos para 2019. Questionado sobre os constantes atrasos de salários dos servidores, que ocorrem há um ano, ele disse que não há perspectivas de a situação deixar de acontecer, devido ao bloqueio de verbas.
“Até dezembro do ano passado, eu paguei em dia. Mas caiu a receita não só de Itabuna, mas de todo o Brasil. (…) Eu ainda peguei uma herança maldita: dois governos que deixaram oito anos sem pagar FGTS. Quando eu saí da Prefeitura, no meu último governo, eu parcelei com o INSS em 20 anos. Com Azevedo e Vane, eles não pagaram nada; aí acumulou tudo. Tem uma parte de INSS sem pagar, aí vêm os Precatórios. Aí todo dia que chega o dinheiro do FPM [Fundo de Participação dos Municípios], tira da Saúde e da Educação, que você não pode mexer, e o resto some todo o dinheiro”, relatou.
Sobre as demissões de servidores comissionados, o prefeito disse que foram mais de mil desde o início do ano, mas ocorrerão outras. “Tem a lei [de Responsabilidade Fiscal], que eu tenho até 54%. Peguei Itabuna com 79% e reduzi pra 56% ano passado. Esse ano tem que ficar em 50%! Porque eu não tenho dinheiro pra pagar funcionário, não tem pra aplicar na cidade, o lixo é uma dificuldade pra pagar”, calculou.
Questionado se mesmo com as demissões não dá para pagar os funcionários em dia, ele respondeu: “Não. Porque a receita tá lá embaixo; o ICMS tá lá embaixo…”.
Passagem de ônibus
Alegando que foi mal feito o contrato com as empresas de ônibus, mencionou o que chamou de uma reunião violenta ontem, no gabinete, em que os empresários ameaçaram deixar o município, caso não fossem atendidos no pleito de aumentar a passagem. A colocação dá sinal de que irá conceder, sim, o reajuste. Mas o gestor não disse quando e qual o valor. “Temos que encontrar uma forma, porque se eles tirarem os ônibus daqui, como vai ficar a população?”.
Em relação ao já anunciado retorno do sistema de estacionamento rotativo (Zona Azul), o prefeito reafirmou que a gestão ficará sob responsabilidade do município, mas não disse quando começa a cobrança. “Eu tomei! Ia voltar agora, mas tem que ter um treinamento. Porque você não pode pagar e estar ouvindo liberdade de funcionário”, limitou-se a dizer.
Emasa em concessão
Outro assunto discutido foi a dificuldade persistente para a distribuição da água que chega da Barragem do Rio Colônia. A Emasa (Empresa Municipal de Águas e Saneamento) havia alegado ser necessário um projeto, para captar recursos específicos, de modo a sanar tal carência.
“Essa barragem construída pelo governador Rui Costa, se fosse há 10 anos, não ia ter problema mais de água. Eu tinha construído a distribuição, a adutora e a captação. Deixei tudo pronto quando saí durante um governo meu. Agora, o problema de Itabuna é que não existe quase a rede. A perda de água é 58%”, argumentou.
Ainda sobre o assunto, o alcaide itabunense adiantou que, a partir de março, levará a cabo a concessão da Emasa– outro tema que sempre foi espinhoso para as gestões. Segundo ele, está sendo concluído um estudo da Fundação Getúlio Vargas, para em seguida fazer a concessão da empresa.
“Precisamos primeiro tirar o esgoto e salvar o rio Cachoeira. Segundo, mudar a tubulação, que é muito antiga. E sem tirar o lixão de Itabuna, não existe Itabuna”, afirmou, acrescentando que a concessionária se encarregará de solucionar tais questões, porque é alta a necessidade de investimento.