Passados seis meses de enfrentamento à covid-19 no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, o diretor médico Eduardo Kowalski avaliou o cenário vivido pela unidade, durante palestra promovida pelo Rotary Club de Itabuna na noite de terça-feira (06). A reunião, semipresencial, tratou, ainda, sobre o Grupo de Apoio ao Paciente Oncológico, do qual ele é presidente.
De acordo com o profissional, que integra o Comitê de Combate ao Coronavírus estabelecido em março no município, hoje há maior êxito que no início. A situação de crise foi estabilizada e desde meados de setembro, houve significativa diminuição dos casos no município. Dr. Kowalski considera que a cidade teve bom desempenho perante a adversidade estabelecida pela doença.
Até a terça-feira, havia mais de 270 vítimas fatais da covid-19 em Itabuna, das quais 30% são pessoas de fora da cidade. Segundo o médico, a expectativa era de que esse número fosse ainda maior, mas felizmente, os leitos disponíveis no Hospital de Base e na Santa Casa de Misericórdia conseguiram dar conta dos pacientes, na medida do possível.
Dados para comparar
Fazendo uma espécie de retrospectiva do que foi vivenciado até aqui, Dr. Kowalski confessou que, logo no início da pandemia, percebeu que a falta de informação seria prejudicial no combate ao vírus e além da inexperiência da equipe – por se tratar de um mal que ninguém conhecia –, o hospital contava com apenas nove leitos de UTI.
Ele lembrou que existem alguns casos que quando se agravam, chegam num nível caótico e assustador no qual é necessário contar com recursos de ponta. Para aperfeiçoar o atendimento e dar atenção plena à doença, houve grande investimento em equipamentos, a exemplo da tomografia, cujo número de exames passou de cerca de 700 para 1.800 mensalmente no pico da contaminação.
Já os respiradores, que eram nove, hoje chegam a 50. “É um privilégio ter um hospital municipal que consegue prestar serviço de igual para igual com um do estado”, reconheceu, acrescentando que naquela data estariam ocupados 13 leitos de UTI e 24 nas enfermarias do HBLEM com pacientes positivos para covid 19. Para encerrar o tópico, tratou a respeito de prevenção e cuidados. “Essa é uma doença de comportamento incerto, muito comprometedora. Tem que ter disciplina e condutas rígidas para evitar contaminação”, orientou.
Pacientes com câncer
Num segundo momento, contando com a participação de Magnólia Alves de Oliveira, fundadora e coordenadora administrativa do GAPO, foi debatida a situação atual da instituição itabunense surgida em julho de 2014. Assiste pacientes vindos de outros municípios a fim de passarem pelo tratamento contra o câncer na fase de radioterapia e também aqueles que fazem hemodiálise.
A unidade, criada para dar apoio e abrigo aos pacientes oncológicos tratados no Hospital do Manoel Novaes, possui 20 vagas e oferece gratuitamente hospedagem e refeições com recursos doados pela comunidade grapiúna.
Neste ano difícil, com a pandemia da covid-19, não foi possível realizar os tradicionais eventos como festival de tortas, feijoada beneficente, entre outros, que costumam arrecadar recursos para a casa de apoio. Por este motivo, a colaboração de toda a população se faz ainda mais necessária.
De acordo com os representantes da entidade, a situação do lar é comovente. “Sem ter onde ficar, o acompanhante do paciente que não tem câncer, mas está internado no hospital, acaba sendo acolhido pelo GAPO. Então, a procura por vagas nesse momento é ainda maior, mas infelizmente não temos condições de acolher a todos”, lamentou Magnólia.
Doação ao GAPO
Segundo a coordenadora, o Grupo organiza, para ajudar no equilíbrio das contas, uma campanha que consiste na venda de camisas confeccionadas com a temática do Outubro Rosa e conta mais uma vez “com Deus e o apoio da comunidade para continuar sobrevivendo”.
No encerramento da reunião, o presidente do Rotary Club de Itabuna, Marcus Vinícius Rodrigues, anunciou doação ao GAPO para a produção das camisas a serem vendidas e, assim, colaborar com a manutenção da casa de apoio, que faz tão belo e nobre trabalho pelos pacientes oncológicos dos municípios vizinhos.