Entre os meses de junho e julho do ano passado, o médico oftalmologista José Fabiano de Freitas Teles, de 44 anos, viveu momentos de pânico, alucinações e, nas horas de lucidez, temeu não retornar para a família. Teles ficou 24 dias internado, sendo que 18 deles intubado num leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid-19 do Hospital Calixto Midlej Filho (HCMF). Ele deixou a unidade, com limitações funcionais, necessitando de ajuda para algumas atividades.
Assim como ocorre com todos os pacientes internados na UTI Covid-19 do Calixto, José Fabiano de Freitas foi acompanhado, durante todo o tempo por uma equipe multidisciplinar, incluindo a equipe de fisioterapia. Este profissional tem entre as suas atribuições fazer o acompanhamento da oxigenação, além de assegurar a assistência motora e de funcionalidade do paciente.
O trabalho do profissional de fisioterapia foi sempre aliado no processo de recuperação de José Fabiano, que deixou a UTI no dia 7 de julho de 2020. Ele relata que no sétimo dia após deixar a unidade já estava dando os primeiros passos. 45 dias depois estava fazendo pequenas corridas e, com 60 dias, intensificou as atividades físicas e retornou ao trabalho. “A fisioterapia foi fundamental nesse processo. No início, com sessões pela manhã e tarde. Esse ritmo foi reduzido com o tempo”, explica.
José Fabiano, que teve um comprometimento funcional importante, afirma que chegou a duvidar se voltaria a atender seus pacientes, mas logo percebeu que não só recuperaria a capacidade para atender em consultório, mas também para fazer cirurgias. Hoje, o oftalmologista faz tudo que fazia antes da doença e da internação. “Inclusive, estou correndo até 7k, sem sentir nenhuma dificuldade respiratória ou motora”, conta orgulhoso, com todas as suas capacidades funcionais restauradas.
Hoje, entre os pacientes que, diariamente, recebem os cuidados da equipe de fisioterapia está Carlos Henrique de Jesus. Ele está internado em um leito clínico do Hospital Calixto Midlej Filho e recebe os cuidados para recuperar os movimentos.
Atividade física ajuda na recuperação
Os estudos e as experiências mostram que as pessoas mais ativas, que fazem atividade física regularmente e que têm comportamentos saudáveis, voltam para as suas atividades
funcionais mais rápido, conforme a coordenadora de Fisioterapia da UTI Covid, Aritana Ramos. “Há vários casos de pacientes nossos que se recuperaram mais rápido por terem uma vida mais ativa. Um deles foi José Fabiano, que ficou intubado, adquiriu a forma grave da doença e hoje, após cerca de seis meses da alta, já está correndo até 7 km”, reforça.
Aritana Ramos explica que a assistência fisioterapêutica ocorre em todos os momentos da internação, inicialmente para atender as demandas ventilatórias e de oxigenação do paciente que chega a unidade com insuficiência respiratória aguda. Alguns desses pacientes evoluem para a intubação, que necessitam de assistência de suporte e ajustes ventilatórios. “São pacientes muito difíceis de ventilar, já que se trata de pacientes de perfis diferentes. Após a estabilização do quadro crítico, atuamos também no desmame ventilatório”.
A profissional explica que outras responsabilidades da equipe de fisioterapia são com as atividades motoras e funcionais, como sentar o paciente e retirá-lo do leito o mais precocemente possível. “Queremos devolver os pacientes para suas famílias o mais independentes funcionais possível. Com a Covid-19, isso têm ficado um pouco mais difícil e limitado, mas esse sempre será o nosso objetivo”, finaliza”.