Desrespeito ao eleitor no rastro do recadastramento biométrico


Cartório eleitoral em Itabuna já tem fila quilométrica; estrutura deixa a desejar


Longas horas de espera, sem sequer um ventilador (Fotos: Celina Santos)

Que o prazo limite para o recadastramento biométrico é o próximo dia 22 de fevereiro muitos já sabem. Mas a fila já é quilométrica nas imediações do Cartório Eleitoral de Itabuna e, certamente, de muitas cidades Bahia afora.

E o pior: a estrutura encontrada no local está causando revolta naqueles que passam horas para fazer o recadastramento e pegar o novo Título Eleitoral. “Um calor do cão, pra fazer um título pra votar em um ladrão”, esbravejou um eleitor, assim que saiu da sala onde fez o recadastramento.

Calor e sede

Só quem levou garrafa de água mineral pôde matar a sede

Esse calor a que ele se referiu foi sentido por todos que aguardavam horas pelo atendimento. Na sala de entrada do cartório, com centenas de pessoas, não havia sequer um ventilador. Aliás, o único eletrodoméstico do tipo para, digamos, refrescar estava voltado para a mesa onde havia uma atendente para dar informações, inclusive, sobre atendimento daqueles com direito a prioridade.

O restante do público presente amargava a alta temperatura, sem contar ao menos com um copo d’água. Porque o bebedouro num corredor ao lado, quebrado, estava com a torneira envolta em um plástico. O filtro de água mineral ao lado tinha apenas um galão vazio (se tinha água mais cedo, acabou e não foi reposta).

Uns passos adiante, se o eleitor sentisse vontade de urinar, contava com um só banheiro para ambos os sexos. Obviamente, uma pessoa precisaria esperar a do gênero oposto sair. A porta, também, não tinha chave e não havia papel higiênico.

 

Apenas uma mesa, à frente, tinha ventilador; o público atrás, no “calorão”

Tabela da confusão

O Cartório Eleitoral de Itabuna, que também responde por Itapé e Jussari, não tem um microfone ou painel indicando a senha a ser atendida naquele momento. Resultado: o funcionário precisará chamar, número por número, em voz alta. Haja “gogó”, hein?

Quando servidores avisaram (às12h30min da manhã de segunda-feira, 21) que colariam nas paredes tabelas com a estimativa de horário de atendimento para cada grupo de senhas, ânimos mais uma vez ficaram exaltados.

Uma senhora, que disse ter passado pelo local antes de 7 horas e já notado uma fila grande, bradou, enfurecida: “Por que o chefe de cartório não manda botar um ventilador aqui? Isso aqui não é pra gente; é pra bicho!”.

Atendimento ágil e cordial

Quando o eleitor finalmente entra para o recadastramento biométrico, depara-se com um verdadeiro mutirão de atendentes ágeis e cordiais. Após o meio-dia, eram chamados grupos de cinco pessoas; antes, eram três.

Não havia ar condicionado também naquela sala, mas os três ventiladores permitiam uma sensação quase paradisíaca, dadas as longas horas de intenso calor durante a espera.

Como dito no início do texto, as deficiências estruturais percebidas no Cartório Eleitoral de Itabuna, provavelmente, se repetem em outros municípios baianos.

Como a melhoria disso tudo está numa esfera mais amplo, as providências ficam a cargo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). Até quando?