De um lado, os pais, que clamam por Justiça e exigem a prisão daquele que atropelou e matou uma garota de apenas 14 anos. De outro, um engenheiro civil, em liberdade, que alega inocência e culpa a vítima por supostamente atravessar a faixa de pedestre “inadvertidamente”, não lhe dando tempo de evitar a batida.
Este é o resumo de um caso que ganhou repercussão nos últimos dois dias, desde que a adolescente Giovannia Brito, de 14 anos, teve a vida interrompida, quando seguia para o ponto de ônibus, próximo à praça Camacan, centro de Itabuna. Ela morava no bairro Jorge Amado e tinha acabado de sair do shopping, onde tinha ido com o irmão, na noite de sábado (09).
O pai de Giovannia, Hércules Araújo de Oliveira, de 32 anos, disse que a filha sofreu múltiplas fraturas. “O carro ficou parecendo que bateu num poste. Imaginem como não ficou o corpo da minha filha. Ela teve três costelas quebradas, pulmão perfurado, o crânio abriu em três partes, o braço quebrou, o queixo deslocou todo”, relatou o homem, revoltado.
O veículo – modelo HB20 – foi apreendido na noite de segunda-feira (11), escondido numa oficina da cidade. O carro era dirigido pelo engenheiro civil Felipe Damásio, que se apresentou logo depois da apreensão, acompanhado de dois advogados.
Em depoimento, ele garantiu que não estava bebendo, nem dirigindo em alta velocidade. Contou também que não prestou socorro porque ficou com medo de ser linchado, uma vez que o local estava lotado de pessoas, que se aproximaram no momento do acidente.
O carro conduzido por Felipe era emprestado. O dono do automóvel seria ouvido ontem (12), mesmo dia em que prestaram depoimento os pais da vítima. “Eu pedi para eles [os filhos] deixarem para sair no domingo, porque era mais tranquilo. Minha filha saiu para se divertir, ela não merecia isso. Quero que ele [o motorista] pague o que fez com minha filha”, desabafou Maria Tatiana de Jesus Brito, de 30 anos, mãe da estudante, que era aluna do Colégio Estadual de Itabuna.
Quanto ao fato de a garota ter problemas na visão, ela afirmou que a menina usava óculos, sim, mas que conseguia enxergar perfeitamente. Além disso, Tatiana e Hércules ressaltaram que sempre orientaram os filhos a se comportar no trânsito, respeitando os sinais e atravessando somente na faixa de pedestre.
Segundo o coordenador da 6ª Coorpin, André Aragão, a delegada Katiana Amorim, responsável pelo caso, deve indiciar o engenheiro por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Felipe Damásio foi liberado logo após prestar depoimento.
O carro, localizado após denúncia anônima, continua no pátio do Complexo Policial. Fragmentos do corpo da adolescente foram encontrados pelos peritos no pára-brisa do veículo. De acordo com o perito Messias Malheiros, o material já foi enviado para o Laboratório Central, onde será analisado.