
* Marco Wense
Pessoas bem próximas do prefeito Fernando Gomes, que acompanham o dia a dia do chefe do Executivo no centro administrativo Firmino Alves, já falam em uma insatisfação do alcaide com alguns secretários.
O que se comenta nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que os entraves para as desejadas mudanças são os acordos e as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Esse é o preço que se paga quando se faz coligações com partidos e acertos com lideranças políticas e empresariais. É bom para ganhar a eleição, mas horrível para governar.
O staff político também aposta que Josias Gomes, ex-Relações Institucionais do governo Rui Costa, pode indicar um nome para o primeiro escalão em uma eventual alteração no secretariado.
Até os monges beneditinos sabem da importância do petista nas articulações para garantir a elegibilidade de Fernando Gomes e, como consequência, a diplomação e a posse.
Fernando pode ter muitos defeitos, mas o da ingratidão passa bem longe. Josias Gomes, ex-geraldista de carteirinha, é um dos candidatos a deputado federal do grupo fernandista. Sem dúvida, uma justa contrapartida.
A rua é a salvação
O que a gente sabe sobre a sorrateira articulação para anistiar o caixa dois e, como consequência, deixar impunes os que integram a “Lista de Janot”, está nas informações da imprensa.
Fico a imaginar o que acontece fora do alcance dos jornalistas, nos porões dos bastidores e na calada da noite. Presumo que tudo cercado de muita imundice e cheirando a fezes.
Se não houver a pressão popular, tchau, tchau, punição. Todos livres e soltos saboreando a grande pizza. Os mais cínicos ainda vão lançar mão do discurso moralista na próxima eleição, já que o povo brasileiro – como eles costumam dizer – tem memória curta.
A sorte dos fichas sujas é que o povo brasileiro, o cidadão-eleitor-contribuinte é pacífico e avesso a fazer justiça com as próprias mãos. Os larápios do dinheiro público continuam acreditando que o guarda-chuva da impunidade vai continuar aberto.
Imitando Trump
Os primeiros dias de Donald Trump como presidente eleito dos Estados Unidos foram marcados por muita polêmica, sobressaltos e declarações assustadoras. Sobrou até para a imprensa: “desonesta” e “fora do controle”.
O ministro das Relações Exteriores do governo Temer, o agora chanceler Aloysio Nunes, que foi o vice na chapa encabeçada por Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial de 2014, caminha para ser uma espécie de Trump ao modo brasileiro.
Aloysio, tucano de bico afiado e plumagem exótica, um dos protagonistas do impeachment de Dilma Rousseff, começou logo dizendo que o Mercosul é “ficção”, a Venezuela uma “ditadura” e Trump “o Partido Republicano de porre”.
Aloysio pode até ter razão, principalmente em relação a Donald Trump. Mas como ministro das Relações Exteriores tem que medir as palavras. A diplomacia requer regras. É a arte de conduzir o bom entendimento entre os países.
A primeira reação ao corriqueiro destempero verbal do ministro veio da chanceler venezuelana Delcy Rodrigues: “A Venezuela rejeita as insolentes declarações do chanceler de fato do Brasil”.
O tucano Aloysio Nunes imita o republicano Donald Trump. Só falta ficar de porre.
O avanço do bolsonarismo
Pela última pesquisa do Datafolha, o deputado federal Jair Bolsonaro tem 9% das intenções de voto. Só perde para Lula, com 25%, e Marina Silva com 15%.
Quando questionado sobre os setores que são mais simpáticos à sua pré-candidatura à Presidência da República, aponta em primeiro lugar os segmentos evangélicos.
O polêmico Bolsonaro, defensor do uso da violência para combater o crime, não esconde de ninguém o seu escancarado machismo. Sem falar que é um homofóbico radical e um preconceituoso aflorado.
Tem também seu lado hilariante, quando diz que “FHC está para ganhar o título de princesa Isabel da maconha, porque quer liberar as drogas no Brasil”.
É bom lembrar que Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). A instância máxima da Justiça aceitou a denúncia de crime de apologia ao estupro.
Bolsonaro é filiado ao Partido Social Cristão, o PSC. Seria mais coerente se criasse um partido para ser o legítimo representante-mor. O PDR seria um bom nome. Ou seja, o Partido da Direita Reacionária.
Os dez governadores
Assentado na necessidade de promover transparência e garantir o interesse público, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, solicitou ao ministro Edson Fachin (STF) o fim do sigilo dos documentos.
Ou seja, se o ministro relator da Operação Lava Jato atender ao pedido de Janot, os nomes da temida lista se tornam públicos, dando assim um basta na tal da seletividade.
A notícia de que pelo menos 10 governadores estão na relação de Janot causou alvoroço na cúpula do DEM da Bahia. Os demistas torcem para que Rui Costa seja um deles.
Mas quem vai integrar a lista é o deputado José Carlos Aleluia, presidente estadual do Partido do Democratas, legenda do prefeito soteropolitano ACM Neto.
Mangabeira

É cada vez mais forte a pressão sobre o médico Antônio Mangabeira para que dispute uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado, não só da executiva estadual do PDT como dos membros do diretório municipal.
Mangabeira, sem dúvida a boa surpresa como então candidato a prefeito de Itabuna, obtendo quase 19 mil votos, ainda não decidiu sobre o seu futuro político.
Quando questionado sobre a candidatura, diz que a prioridade é continuar agradecendo a votação visitando todos os bairros de Itabuna, como vem fazendo toda sexta-feira.
Qualquer pesquisa para o Parlamento estadual vai apontar Mangabeira na primeira posição e com uma diferença considerável em relação ao segundo colocado.
Reforma Política
Toda vez que o cinto aperta, que a classe política começa a perder o restinho da credibilidade, aparece o discurso da necessidade de promover uma ampla reforma no sistema político-eleitoral.
Essa tapeação já vem de muito tempo. São mais de 20 anos que os políticos defendem de público a Reforma Política e na calada da noite trabalham contra.
Aí falam disso e daquilo, de financiamento de campanha, cláusula de barreira, voto distrital, fim das coligações na proporcional, lista fechada, aberta, mista, etc e etc.
Tudo de mentirinha. Se depender exclusivamente da vontade dos senhores parlamentares, com algumas exceções, nada sai do papel. O toma-lá-dá-cá fica cada vez mais prostituído. Do jeito que o diabo gosta.